Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 38
Infelizmente, todo mundo tem seus limites.
“Eu tenho que ficar em um lugar como este?!”
Era o segundo dia de sua estadia em Einst.
Camilla, que pretendia sair para acompanhar as visitas de consolação, gritou isso para o criado que a impedia de sair pela porta.
Alois e sua comitiva já haviam partido. Aparentemente, eles tiveram que sair antes para conversar ou fazer uma inspeção, algo nesse sentido.
Ao sair, lembrou-se de Alois lançando-lhe um olhar que ela achou suspeito. ‘Vou em frente, por favor, não faça nada precipitado’ – foi o que ele disse a ela. Olhando para trás, ela percebeu que Alois devia estar ciente.
Não fique com raiva, fique calmo e pense racionalmente. Se algo acontecer, envie um mensageiro. Se houver alguma flutuação estranha no miasma, deixe a cidade imediatamente e vá em direção à floresta… Essa foi uma explicação muito boa vinda dele. O conselho de Alois antes de partir deve ter previsto o estado atual de Camilla.
– Se você sabia que isso ia acontecer, então por que não me levou com você?!
No mínimo, se ele a tivesse avisado de forma apropriada, ela poderia estar pronta para lidar com isso. Alois, que muitas vezes mantinha um muro em torno de si, ainda mantinha Camilla à distância? Como se ele não confiasse nela com seus verdadeiros pensamentos?
Mas agora, Alois não era o verdadeiro alvo de sua raiva. Os dois servos e a mulher mais idosa que estavam próximos dela eram os maiores incômodos em sua mente.
“Vim aqui para uma visita de consolo! Se eu tenho que ficar presa aqui, então qual era o sentido de eu vir?!”
“As pessoas desta cidade que veio visitar não sabem nada sobre você.”
A idosa falou com firmeza. Ela pode estar se apoiando pesadamente naquela bengala com as costas curvadas, mas parecia que sua mente ainda estava firme. Seu rosto enrugado parecia rígido e seu cabelo grisalho estava firmemente trançado atrás da cabeça.
Ela era uma das pessoas mais influentes nesta cidade. Seu nome era Martha e ela era a principal conselheira do prefeito. Como a cunhada mais nova do atual chefe da família Meyerheim, ela também era tia de Vilmer, o mordomo-chefe da propriedade dos Montchat.
“Se fosse Grenze, então talvez as pessoas pudessem reconhecê-la. No entanto, esta é sua primeira visita à cidade de Einst. Se uma mulher que eles nunca viram antes aparecer de repente, os habitantes da cidade podem ficar confusos.”
“Você está chateado porque eu fui para Grenze primeiro?!”
Isso era totalmente irracional e tacanho. Camilla olhou para a idosa enquanto pensava desta forma, mas a expressão de Martha não mudou em nada.
“Não, de jeito nenhum, estou apenas contando os fatos sobre como as pessoas desta cidade se sentem.”
O tom de Martha não era áspero, mas ela falou com um ar de indiferença. Os dois criados que a ladeavam não reagiram à conversa, como se fossem apenas bonecos.
Por causa dessa atitude inquietante, a raiva de Camilla só aumentou.
“Esta cidade não conhece você como pessoa. Tudo o que sabemos são suas circunstâncias, como o fato de que você foi exilada da capital do reino. Mesmo que a vilã que interferiu na história de amor entre o príncipe Julian e Lady Liselotte viesse para uma visita de consolo, os habitantes da cidade simplesmente iriam desconfiar de você.”
“…O que você disse?”
“Estou tentando te explicar exatamente como você será vista pelas pessoas nesta cidade. Isso não significa que esses são meus sentimentos pessoais. No entanto, o povo daqui, sem dúvida, vê você como uma espécie de vilã. Uma mulher cheia de astúcia que atormentou Lady Liselotte e foi exilada da capital, agora usando suas artimanhas malignas para tirar vantagem de Lord Alois, que ainda é inexperiente com mulheres.”
Camilla estava sem palavras. Quando a enxurrada de insultos absolutamente indisfarçável atingiu sua cabeça, os ombros de Camilla tremeram. Ela tinha vindo para esta cidade preparada para algum nível de desagrado, mas não ficar brava com algo assim estava além do que poderia suportar. O sangue subiu para sua cabeça e sua mente ficou ocupada por palavras ofensivas.
Que grosseira! Que tola! Que impertinente! Que mulher absolutamente inacreditável…!
“…Sua velha rude!”
Antes que Camilla pudesse gritar, uma voz aguda cortou o ar. Nicole saltou de trás de Camilla e gritou isso para Martha. Quando ela deu um passo à frente, parecia que ela estava prestes a estender a mão e agarrar o colar de Martha.
“Como você se atreve a dizer algo assim para a senhora da família Montchat…!”
Mas, sua mão foi agarrada pelos dois criados que ladeavam Martha. Quando elas agarraram seu braço com força excessiva, Nicole fez uma careta de dor enquanto ela gritava.
“Por favor, evite adotar um comportamento tão bárbaro nesta cidade.”
“Soltem a Nicole!”
“Tudo bem.”
Após Camilla ter pedido isso aos gritos, os dois criados obedeceram. Soltando o braço de Nicole sem hesitar por um momento sequer, elas voltaram para onde estavam. Comparado com seu comportamento calmo e frio, Camilla estava começando a ficar vermelha enquanto o calor se acumulava em sua cabeça.
Quando Nicole cambaleou para trás e Camilla a pegou em um abraço, ela levantou a voz.
“O que faz vocês pensarem que vão se safar com isso?!”
A idosa rígida e enrugada, Martha, curvou-se sobre a bengala. Os servos à sua esquerda e à sua direita, dos quais se podia ver os seus músculos fortes por baixo dos casacos. O cabelo de Martha estava completamente grisalho, mas os dois criados ainda tinham o mesmo tom de cabelo castanho que era exclusivo da família Meyerheim. Eles ficaram inexpressivos também. O homem da direita era um pouco mais alto que seu companheiro e o rapaz à esquerda tinha uma bela pinta abaixo do olho. A pele deles era tão branca e lisa que ela poderia ter confundido com uma máscara.
Camilla gravou todos os rostos em sua mente. Sem dúvida, ela ia contar tudo a Alois a respeito disso. Afinal de contas, ela não era de esquecer um rancor.
“Vocês deveriam torcer para que a viagem de Lorde Alois hoje nunca termine! Porque assim que ele voltar, todos vocês serão demitidos!”
— Você vai arrancar minha cabeça então?
Martha disse isso claramente em resposta ao grito de raiva de Camilla, fazendo-a franzir a testa com as palavras repentinamente severas.
Martha encarou Camilla diretamente nos olhos enquanto se apoiava na bengala.
“Embora eu estivesse apenas dizendo a você como as pessoas desta cidade se sentiam, caso tenha se sentido insultada, então não deu pra evitar. Esta velha vai lhe oferecer a cabeça. Sim, tudo o que fiz foi transmitir os sentimentos da cidade, mas mesmo que não tenha sido a minha intenção, claramente cometi um crime imperdoável.”
Você tem uma mente fechada. Martha não disse isso, mas essa era a intenção clara por trás de suas palavras. Foi um golpe indireto contra Camilla, que pensava assim dos próprios habitantes da cidade de Einst. Sentindo o tom profundo daquela má vontade, Camilla sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
“Depois que você arrancar minha cabeça, o povo da cidade só vai temê-la ainda mais. Mas se eu não dissesse uma palavra sequer, isso também não mudaria a forma como as pessoas nesta cidade a veem. Todos os que trabalham nesta mansão sentem o mesmo.”
Martha ergueu a cabeça e indicou os arredores com o queixo. Olhando para trás, Camilla podia sentir que a cena no hall de entrada estava sendo observada por muitas pessoas.
Do corredor, do outro lado das portas e atrás dos pilares. Os servos prenderam a respiração, observando atentamente o confronto entre Martha e Camilla.
Nenhum deles disse uma palavra sequer. Nenhum deles moveu um músculo. Era como se estivessem agindo como um monólito sob algum comandante invisível. A maneira como eles olhavam para Camilla não era com um olhar cheio de curiosidade, mas também não era um olhar de hostilidade explícita. Eles simplesmente a observavam com a mesma sensação de indiferença.
Ela sentiu um calafrio.
– É realmente estranho…!
“Se você realmente é a pessoa horrível como os rumores descrevem, então não deve ter problemas em me eliminar. Dessa forma, eu não seria capaz de me opor a você ir em sua visita de consolação, afinal. Por favor, sinta-se à vontade para apertar a mão dos habitantes da cidade, enquanto a sua está coberta de sangue.”
“Ora, sua…!”
A conversa de repente tinha passado a ficar mais sinistra. Antes de mais nada, a discussão tornou-se perigosa e estava fluindo mais rápido do que ela podia acompanhar.
Mas Camilla sabia que, mesmo que ela denunciasse a idosa, seria totalmente sem sentido.
Se Martha saísse do caminho, outra pessoa simplesmente tomaria seu lugar. Os servos nesta mansão… Em vez disso, talvez todas as pessoas nesta cidade fossem como soldados treinados. Eles não conheciam o medo e ficariam em seu caminho sob comando.
Era um pensamento estranho e desconfortável. No entanto, mesmo que isso a deixasse mal, ela não conseguia pensar em uma maneira de vencer nessa situação. Não importava o que Camilla fizesse, mesmo que ela tivesse gritado ou ameaçado essa mulher o máximo que pudesse, mesmo que por algum motivo ela tivesse arrancado a cabeça dessa mulher… Não mudaria nada.
As palavras que saíram dos lábios de Martha não desapareceriam mesmo que ela morresse após aquela ameaça intrínseca contra Camilla.
“…Eu voltarei para o meu quarto.”
Camilla apertou os punhos e mordeu o lábio com ressentimento enquanto dizia isso baixinho.
“Agradeço profundamente pela compreensão.”
Martha falou sem demonstrar nenhuma emoção enquanto acenava com a cabeça. Os homens à sua esquerda e direita também não mudaram sua expressão facial em momento algum.
“Eu vou te mostrar o caminho para voltar ao seu quarto.”
Uma das empregadas que assistia ao desenrolar do caso emergiu das sombras para conduzir Camilla.
Camilla sentiu um profundo sentimento de irritação enquanto andava atrás dela.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi