A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 100
“Coma.”
Foi o que o pai de Alois disse quando colocou uma comida empilhada em um prato azul na frente dele.
Alois não pôde recusar.
Isso porque Alois era um bom filho. Ele se tornaria um bom lorde. Fazer isso era necessário para se tornar uma boa pessoa.
Se Alois não conseguisse fazer isso, então que valor ele tinha? Era preciso comer tudo o que lhe fosse oferecido, seguir todas as ordens que lhe fossem ditas. Não poderia discutir, nem responder. Não poderia decepcionar suas expectativas… E ao mesmo tempo, não poderia superá-las.
O progresso era desnecessário. Mas a degeneração também precisa ser mantida sob controle. Apenas defenda esta terra e seus costumes. Torne-se mais uma engrenagem uniforme na máquina que Mohnton sempre foi.
Mesmo depois que seus pais morreram, nada mudou.
A vontade de seu pai sobreviveu nas pessoas ao seu redor, mantendo os olhos em Alois. Se ele parecesse estar mudando de rumo, logo ele era corrigido. Eles iriam garantir que nada mudaria. Iriam se certificar de que a engrenagem nunca apresentou mau funcionamento.
“Coma.”
Ou talvez tudo isso tenha sido uma ilusão da parte de Alois.
Sobre seus pais vivendo dentro de seu coração. Que ele tinha uma culpa enorme para suportar. Depois de se encontrar com Camilla, ele sentiu que finalmente estava avançando… Será que ele estava desistindo de tudo isso?
Os criminosos deveriam permanecer estranhos à alegria. Na terra de Mohnton, que evitou o vício em favor da virtude, Alois se tornaria um reflexo disso.
“Coma, Alois. Você não poderá deixar nem uma migalha. Você é meu filho, isso deveria ser simples.”
Ele pensou que, se Camilla estivesse lá, ele poderia mudar. Que com a força dela, ele seguiria em frente.
Mas esses pensamentos de avançar rumo ao que é novo e desconhecido foram sufocados pelas lembranças persistentes de seus pais.
Um simples prato o transformou em pedra, como uma ruína emaranhada nas vinhas do passado. O que ela pensaria de um criminoso como ele? De um covarde como ele? Ele realmente temia o quão decepcionada Camilla deveria estar.
“Está bem.”
A memória de seu pai dizia isso. Ele era o único filho da família Montchat. O único digno de governar Mohnton. Não havia escapatória para o criminoso. Chafurdar nesta terra escura e pantanosa, fazendo os mesmos trabalhos que seus ancestrais começaram como uma expiação, era tudo o que aqueles contaminados pelo pecado eram permitidos.
“Coma, Alois. Coma para ser um filho digno.”
– Pai…
O anoitecer veio com o tempo e seu escritório ficou na escuridão. Alois estava sentado à mesa, sozinho.
Há pouco tempo, aquela empregada veterana de antes havia entrado, deixando mais uma vez uma refeição para ele naquele mesmo prato azul. As vozes que ele ouvia apenas ecoavam em sua própria mente.
Mas, mesmo assim, Alois não podia negar aqueles alimentos. Naquele prato azul que seu pai usara, com decorações em azul marinho e dourado, havia uma grande porção de carne embebida em azeite e gordura. Era tanta coisa que a comida parecia brilhar no prato. Os vegetais servidos como acompanhamento e as flores brancas decorativas pareciam estar se afogando nos óleos gordurosos que escorriam pelo flanco da carne.
– Eu tenho que comer.
Alois estendeu a mão para o prato que causava queimação em sua barriga. Apunhalando a carne com o garfo, ele a levou aos lábios… E hesitou por um momento, ao se lembrar onde tinha visto aquelas flores antes.
Em Blume, ele encontrou Camilla curvada em um campo de flores igual àquelas. Havia também a guirlanda de flores brancas que Camilla usava como coroa enquanto dançavam juntas. Aquelas lindas flores Sehnsucht o faziam lembrar de Camilla.
Mesmo que Alois tentasse evitá-la, Camilla tentava constantemente alcançá-lo até agora. Alois tinha certeza de que ela ficaria desgostosa com o quão tímido e fraco ele era, mas, só mais uma vez… Será que eles poderiam conversar de novo, só mais uma vez? Talvez se eles conversassem, algo realmente poderia mudar?
Mas seus pensamentos desapareceram quando aquela carne gordurosa rolou em sua língua.
“Urgh…”
Era tão macia. Coberta de sal e mel açucarado. Mas de alguma forma, havia também um sabor picante e amargo misturado.
Era diferente de tudo o que provou antes. Chocado com o gosto estranho e vil que nem ele conseguia engolir, Alois cuspiu a comida. Sua boca estava dormente. Mesmo que ele tenha cuspido imediatamente, ele podia até sentir as pontas dos dedos ficando dormentes.
– Alguém…
Ele não conseguia falar porque seus membros perdiam força rapidamente. Sua consciência começou a desaparecer. Se ninguém viesse ajudá-lo agora…
Sua visão estava começando a ficar nebulosa. Era forte… O veneno era muito forte.
À medida que sua visão ficou ainda mais turva, ele viu aquelas flores brancas decorando o prato. Reunindo toda a sua força de vontade e os últimos refluxos de sua força, Alois estendeu a mão e agarrou aquelas flores instintivamente, enquanto o prato caía no chão.
O som estrondoso ecoou pelo silêncio da noite da mansão.
A última coisa de que Alois se lembrou antes de ser dominado pela escuridão foi o som da porta se abrindo e os passos de uma pessoa correndo em sua direção.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata