A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 61
A mansão Lörrich ficava localizada em uma colina no centro de Blume. Os andares superiores da mansão davam para as ruas e prédios de Blume e também para as árvores que ladeavam muitas de suas ruas. A uma distância maior era possível avistar os grandes jardins de onde brotavam as flores que alimentavam parte da fama simbólica de Blume.
No entanto, agora era inverno. As árvores estavam sem folhas e os jardins estavam cobertos de neve. O mesmo acontecia com os jardins e estufas da própria propriedade da família Lörrich, onde a terra era fria e murcha.
A outrora florida cidade de Blume agora havia dado lugar ao frio da estação. A cidade se aninhou em uma espécie de hibernação silenciosa, esperando o retorno dos primeiros dias da primavera.
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Camilla olhou taciturnamente pela janela de um quarto de hóspedes no segundo andar. O céu estava nublado com um forte tom de cinza, com a nevasca não dando sinais de que iria cessar.
Enquanto observava a neve, Nicole estava ocupada fazendo barulho enquanto desfazia a bagagem. Ao vislumbrar com o canto de seu olho que Nicole estava trabalhando, Camilla pôde ver que ela estava agindo de forma tão desajeitada quanto de costume. Normalmente, ela simplesmente gritava com ela dizendo ‘Deixe-me fazer isso!’ e assumia a tarefa, mas agora Camilla não tinha esse tipo de fogo.
A causa disso pode estar relacionada com as apresentações com a família Lörrich, que ocorreram logo após sua chegada.
Só de lembrar daquele encontro Camilla esfregou levemente as têmporas e embora não fosse essa a intenção, um suspiro escapou de seus lábios.
A casa dos Lörrich, à qual Gerda e Klaus pertenciam, abrigava uma família complicada.
Ela mal havia chegado antes de ser apresentada a Baron e aos membros próximos de sua família.
Lá estavam Rudolph e sua esposa. Eles tiveram dois filhos, o mais velho Klaus e o segundo filho Franz. Rudolph também tinha dois irmãos mais velhos, sua irmã mais velha, Gerda, e seu irmão mais velho, Lucas.
Embora ela só precisasse encontrar seis pessoas e trocar gentilezas com elas, Camilla se sentia exausta com tudo isso.
– Talvez fosse só por causa de Gerda que o clima estava tão…
À medida que a questão da sucessão piorava, Gerda se despediu para voltar para a casa da família Lörrich em Blume. Apesar do próprio Alois ter viajado para Blume a fim de cortar pela raiz uma possível crise antes que ela começasse, parecia que ela estava determinada a se envolver pessoalmente. A quantidade de trabalho deixado após a ausência de Gerda para ser assumida por Vilmer e os outros servos experientes devia atingir alturas vertiginosas.
No entanto, o único foco de Gerda agora parecia garantir a sucessão do filho pródigo, Klaus.
Camilla franziu a testa, inclinando as sobrancelhas. Só de lembrar era irritante.
– Eu sei que isto só vai complicar tudo.
Klaus era muito paquerador e vagabundo. Mesmo enquanto Camilla cumprimentava os outros membros de sua família, na frente de Alois, aquele homem tentou conversar com ela.
Quando Lucas ficou furioso com ele por causa disso, Klaus não pareceu se importar nem um pouco. Franz parecia ter nojo de seu irmão, fazendo com que Gerda olhasse para ele com desgosto, enquanto Rudolph parecia totalmente desamparado. Nesse ínterim, tudo o que Alois conseguiu fazer foi se expressar com uma careta desajeitada.
– O chefe da família também não está desempenhando seu papel direito.
Em vez disso, parecia que o verdadeiro poder residia com seus irmãos mais velhos, Lucas e Gerda. Simplificando, Franz e Klaus são seus respectivos peões em uma guerra em busca do domínio entre eles. Rudolph, que parecia não conseguir enfrentar seus irmãos, não teve influência para resolver as questões adequadamente.
– Eu me pergunto há quanto tempo as coisas estão tão terríveis?
Embora a hostilidade geralmente aberta que Camilla recebia fosse a principal fonte de desconforto em Mohnton, havia algo mais que a incomodava aqui.
Não importa o quanto ela levantasse a voz, isso não parecia algo que ela pudesse resolver. Uma situação complexa como essa, onde as linhas entre o bem e o mal eram tênues e difíceis de entender, era algo com o qual Camilla teria de lutar.
〇
Assim que Nicole finalmente terminou de desfazer as malas, Alois foi até o quarto de Camilla.
“Camilla, por que não dá uma olhada na cidade?”
Alois disse, ocupando o batente da porta. Ele parecia estar sugerindo que não tinha nenhuma inclinação para sentar e conversar. Será que ele queria sair imediatamente? Ele parecia já ter trocado de roupa.
“Blume realmente tem uma atmosfera diferente das outras cidades. Isso poderia substituir nossas caminhadas habituais, não acha?
“Ah…”
Camilla evitou seu olhar enquanto procurava as palavras para responder. A ideia de um passeio pela cidade parecia boa para ela. Visitar um lugar que ela nunca tinha estado antes parecia uma boa maneira de melhorar seu humor, já que a mansão parecia sufocante no momento.
Mas ela não podia simplesmente respondê-lo de imediato. Afinal, se caminhasse sozinha com Alois, não conseguiria se distrair daquilo.
O noivado… Vem atormentando os pensamentos de Camilla por dias.
Alois, como se pressentisse o que Camilla estava pensando, falou com simpatia.
“Não se preocupe, pedi a Klaus para servir de guia. Ele provavelmente quer respirar ar fresco também.”
“Klaus?”
Camilla finalmente falou, embora sem querer. Não haveria todos os tipos de problemas por causa disso? Afinal, ele é o centro de todo esse desastre.
Se Alois mostrasse favor especial a um lado ou outro, isso não prejudicaria apenas sua própria posição? Além do mais, Camilla não estava com vontade de ir com Klaus a lugar algum, para começo de conversa.
Camilla percebeu que tinha dificuldade em estar na mesma sala que Klaus.
Ela não suportava o flerte e o desrespeito dele, mas havia mais do que isso. Havia algo na maneira como ele andava e falava que lembrava estranhamente o príncipe Julian. Mesmo que eles não fossem realmente parecidos e certamente agissem de maneira diferente, havia momentos fugazes em que havia um brilho nos olhos dele ou apenas um leve gesto que a trazia de volta àqueles dias na capital.
– Eu quero sair. Realmente não há nenhuma razão para recusar seu pedido… Mas…
Enquanto Camilla ponderava no local, com o rosto franzido de ansiedade, uma voz salvadora surgiu de repente atrás dela.
“Senhora, você está saindo? Neste caso, por favor, leve seu xale, está muito frio lá fora.”
Nicole.
Como se fosse por reflexo, Camilla virou-se no mesmo instante e agarrou Nicole com força pelos ombros enquanto a criada estendia um xale. Ela estava salva.
“Nicole! Podemos levar Nicole conosco?!”
“Hein?”
Nicole parecia completamente confusa em sua surpresa, mas agora Camilla precisava dela para ser uma salvadora.
“Você terminou de desempacotar, não é? Vai precisar se trocar agora também. Lorde Alois, acredito que esteja tudo bem, não é mesmo?”
“Eu não me importo. Afinal, quanto mais pessoas, melhor.”
Quando Alois concordou, Camilla deu um suspiro de alívio. Ela agradeceu com um sorriso irônico, tentando mascarar seus sentimentos conflitantes de insegurança e alívio.
O sorriso que Alois devolveu a Camilla também estava longe de ser confortável. Mas mesmo que soubessem que Nicole era desajeitada, nem Alois nem Camilla realmente sabiam o que fazer a respeito.
Nicole, enquanto isso, achou tudo desconcertante ao olhar para Camilla e Alois.
Créditos
Tradutor: Sakata