A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 103
“Sinto muito por você ter visto algo assim…”
Depois de finalmente recuperar um pouco de sua calma, Alois disse isso envergonhado.
“Eu mostrei a você um lado realmente vergonhoso de mim mesmo.”
Alois finalmente libertou Camilla de seu abraço ao dizer isso. Ela finalmente respirou fundo e sentiu um alívio, como se não tivesse respirado enquanto Alois a segurava com tanta força.
Ao contrário dos rumores sobre ser uma mulher mundana e vil, Camilla nunca tinha sido tocada por um homem daquela maneira antes, exceto por seu pai e seu tio. Isso era natural, pois, durante muito tempo, Camilla só teve olhos para o príncipe Julian.
Por causa disso, ela nunca experimentou algo assim antes. Foi uma sensação estranha.
“Não, de jeito nenhum. Bem, para começo de conversa, fiz algo não muito diferente há pouco tempo…”
Camilla proferiu essas palavras ao se afastar de Alois. Em comparação com o episódio do jardim de flores de Blume, as posições de Alois e Camilla haviam sido totalmente invertidas.
Naquela época foi Alois quem ouviu o desabafo Camilla. Portanto, era justo que Camilla o ouvisse agora.
Percebendo que Camilla ficou mais distante dele, Alois sorriu em tom de ironia. Depois de enxugar as lágrimas, seu rosto parecia estranhamente brilhante, como se um peso realmente tivesse sido tirado de cima dele.
Foi aí que Alois de repente pareceu se lembrar de algo. Afastando-se de Camilla, ele olhou com amargura para o retrato de família pendurado acima da mesa.
“…Tenho certeza que meus pais me considerariam um desgraçado agora.”
Aquele retrato de família desbotado… O poder mágico de Alois o rasgou, deixando uma cicatriz enorme, embora ainda permanecesse inteiro. Com uma ferida tão aberta atravessando a pintura, seria definitivamente algo difícil de restaurar.
Ou melhor, talvez a forma como o retrato estava enfim refletia perfeitamente seus verdadeiros sentimentos.
“Será que eu sou um bastardo? Ou, sinceramente, talvez eu não seja realmente filho de nenhum deles? Sempre me perguntei isso.”
O duque de Montchat da pintura era anormalmente magro e quase assustadoramente pálido. Devido à prática constante do casamento incestuoso nas casas nobres de Mohnton, seu corpo também estava supostamente fraco. A única maneira pela qual Alois se parecia com aquele homem magro era a cor do cabelo.
Sua esposa parecia uma mulher frágil, mas gentil. Ela tinha um certo ar elegante. Essa postura gentil parecia semelhante à de Alois, mas uma postura não é algo que pode ser transmitido pelo sangue.
“Suponho que seja por isso que eu estava tão desesperado para que eles me reconhecessem. E depois que morreram, o desespero ficou ainda maior. Esse sentimento de culpa também deve ter desempenhado um papel. Foi realmente infantil da minha parte olhar para trás. Realmente era como se eu fosse um menino que só queria que seus pais o elogiassem.”
Camilla já tinha ouvido falar da família de Alois antes. Quando ele falava sobre seus pais, o pouco que conseguia lembrar não eram lembranças gentis, como ele lhes contava. Mas, ainda desesperado por esse carinho, ele reservou aquele quarto para pendurar o retrato deles e guardar todo tipo de lembranças em suas memórias.
No entanto, este santuário de reverência ao passado foi destruído pelo poder mágico de Alois.
“Mas meu pai e minha mãe já se foram há muito tempo. O único que me prende sou eu mesmo. Esse meu poder mágico, suponho que foram meus próprios sentimentos que realmente o mantiveram selado também, não é? Como dizem, você arruma a cama em que se deita?”
Alois balançou a cabeça suavemente. Então, de repente, ele se virou para olhar para Camilla e percebeu o rosto um pouco mais sério dela enquanto franzia a testa.
“Sinto muito, Camilla. Você se machucou por minha causa.”
“Uma coisa dessas não dói nada.”
Com uma fungada irônica, Camilla torceu o nariz enquanto tirava um pouco da poeira dos braços. Mas Alois não parecia aliviado.
“…Ainda estou preocupado. E se algum dia eu te machucar assim outra vez? Seja com o meu poder mágico, por causa desta terra ou mesmo por causa desta mansão… Este não é um lugar seguro. Tenho certeza de que esta não será a última vez que você enfrentará um grande perigo se ficar.”
“Então, depois de tudo isso, você vai me dizer para voltar para casa?”
Enquanto Camilla olhava para ele, Alois começou a gaguejar, a língua tropeçando. À medida que ele hesitava e refletia, Camilla ficava cada vez menos paciente.
“Ahhh! Caramba!”
Alois não conseguiu pronunciar as palavras antes que Camilla perdesse a paciência. Batendo o calcanhar no chão, Camilla deu um passo à frente. Então, caminhando diretamente na direção de Alois, que parecia surpreso, ela levantou a voz.
“Então eu vou te mostrar isso aqui! É meu amuleto mágico!”
“…Como é?”
“É uma magia que quebra maldições. Um feitiço secreto que só posso usar uma vez. Com isso, vou quebrar esse seu passado amaldiçoado, Lorde Alois, para que você não precise mais se preocupar com isso!”
Ao dizer isso, Camilla apontou o dedo para o peito de Alois.
E, na ponta do dedo, Camilla concentrou todo o seu escasso poder mágico. Havia tão pouca energia mágica que dava até para questionar se aquilo era mágico mesmo. Na verdade, não parecia nada mais do que um amuleto de boa sorte para uma criança.
Mas havia algo especial nisso. O fato de Camilla ter mostrado isso para alguém já era especial por si só.
A magia que Camilla estava lançando dissipava maldições. Era semelhante ao feitiço que Alois usou em Nicole meses atrás, mas muito menos complexo ou poderoso.
Não havia nenhuma sensação de magia no ar, nem sons místicos ou luzes fantásticas, pois toda a energia que ela reuniu silenciosamente se infiltrou em Alois, desaparecendo para sempre de seu corpo.
“O que é isso…?”
Alois piscou surpreso ao pressionar a mão contra o peito.
Então, ele olhou para a ponta do dedo ainda estendida de Camilla. Como esperado de um homem tão adepto da magia, não demorou muito para perceber.
“Isso é feitiçaria real, não é? Como você fez isso, Camilla?
Isso mesmo. Existem várias maneiras de dissipar magia, mas esses métodos variam muito entre os conjuradores. Alguns feitiços são amplamente conhecidos entre todos aqueles que estudam magia, enquanto outros são transmitidos apenas através da confraternização e da linhagem sanguínea, segredos zelosamente guardados contra estranhos.
As feitiçarias da família real não foram exceção. O método de canalizar a magia, bem como os símbolos a serem desenhados para trazê-la à tona, eram coisas mantidas exclusivas da família real, e não eram algo que pudesse ser simplesmente imitado pela observação.
“Aprendi a fazer isso quando eu ainda era uma menina.”
Alois não se preocupou em perguntar “Quem a ensinou?”.
“Foi o príncipe Julian, então?”
“Sim. Vossa Alteza me mostrou essa magia primeiro. Quando o conheci, ele parecia um garoto comum, mas foi só depois que Vossa Alteza lançou aquela magia para dissipar a feitiçaria de sua própria mãe que vi seus olhos vermelhos e cabelos prateados. Essa foi a primeira vez que realmente vi Vossa Alteza.”
A dissipação em si não foi a única surpresa. Embora o garoto que ele estava disfarçado através da magia fosse certamente muito bonito, sua verdadeira figura eclipsava em muito essa beleza. Embora a magia em seus olhos fosse definitivamente uma preocupação, Camilla percebeu que parte do motivo pelo qual a mãe do príncipe disfarçou seu filho era que sua aparência de tirar o fôlego também era verdadeiramente hipnotizante.
Mas, para Camilla, embora sua aparência real fosse uma surpresa, não havia mudado muito. Ela ficou encantada com ele no momento em que ele lhe disse, em meio às lágrimas, que seus biscoitos estavam deliciosos.
“’Não importa minha aparência, quero que você saiba que sou eu’, disse Vossa Alteza. Foi aí que ele me ensinou essa magia. Mas eu mantive esse segredo mágico apenas para Vossa Alteza. Falando com sinceridade, é realmente um encanto secreto.”
“Mesmo sendo tão secreto, você usou… Em mim?”
“Sim. Eu usei isso em você, Lorde Alois. Com isso, agora você conhece todos os meus segredos. Já lhe contei tudo o que me era caro sobre o príncipe Julian. Então… Como foi minha magia?
Alois sorriu com as palavras de Camilla. A magia de Camilla não foi apenas para tentar dissipar sua maldição. Quando ela disse que iria ‘mostrar isso a ele’, ela também se referia ao seu passado.
Essa magia também não era apenas para o bem de Alois. Camilla também estava tentando se libertar das maldições do passado com aquele feitiço. Suas lembranças da capital, assim como os arrependimentos que deixou para trás. Ao usar aquele feitiço que ela só poderia usar uma vez, Camilla jogou fora o passado ao qual estava preso há tanto tempo.
“Obrigado. Eu vou… Não, melhor dizendo, eu tenho que fazer o meu melhor para viver de acordo com isso, não é?
Percebendo o significado por trás disso, Alois sorriu para ela.
“Não é usar o termo ‘eu quero mudar’, mas sim o ‘eu vou mudar’, certo? Essa é a única maneira de garantir que você não se machuque novamente e também de protegê-la.”
Ele tinha a mesma atitude calma de antes… Não, havia algo um pouco diferente agora. Ele parecia um homem preparado.
Camilla se viu olhando para ele por um momento sem palavras, então, percebendo o que estava fazendo com um arrepio de vergonha, olhou para Alois para esconder a sensação de arrepio. Tentando recuperar a forma mental, ela afastou o cabelo com a mão no quadril e esticou o peito.
Ao olhar para Alois, que a encarou, ela falou com ousadia.
“Mas isso é óbvio! Como você pode dizer que vai se casar com alguém se nem consegue proteger!”
“Sim. Farei o que eu puder. Vou te mostrar que sou digno de me casar com você.”
Diante do desafio de Camilla, Alois assentiu com firmeza.
O sorriso que ele exibia sob os olhos vermelhos estreitados era caloroso e gentil, demonstrando toda a sinceridade do mundo.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata