A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 54
Klaus Lörrich.
O filho mais velho da família baronial de Lörrich, o homem de quem Günter certa vez contou a Camilla, o ‘Demônio Saltitante’.
Ele tinha vinte anos de idade. Por causa de sua boa aparência e natureza descontraída, bem como de sua origem próspera, ele era muito popular entre as mulheres jovens que trabalhavam na mansão. No entanto, como a única razão pela qual as garotas iam até as entranhas da cozinha antes de Camilla chegar era procurá-lo, ele era detestado como uma cobra em seu ninho pelos outros cozinheiros.
Mas não importa o quanto ele se esquivasse do trabalho para correr atrás de rabos-de-saia, os outros cozinheiros não podiam expressar seu descontentamento com ele abertamente.
Havia três razões para isso.
A primeira era que ele era o filho mais velho do Barão Lörrich.
Quando se tratava dos criados que serviam diretamente na casa dos Montchat, muitos deles estavam ligados a essas três poderosas famílias fundadoras. E, claro, a influência dessas famílias foi muito profunda nessas terras. Resumindo, começar uma briga com o homem que um dia poderia se tornar o chefe da família Lörrich seria causar uma catástrofe.
A segunda razão era que o rapaz era genial.
Ninguém naquela cozinha poderia comparar sua habilidade crua. Nem mesmo Günter poderia igualá-lo quando se tratava de confeitaria. Não importava quanto tempo ele passasse faltando ao trabalho ou brincando com garotas, aquela habilidade impressionante dele não desaparecia. Comparado com os outros cozinheiros que se dedicavam o dia todo ao seu ofício, Klaus precisava apenas passar algumas horas na cozinha para igualar sua produção.
Sua comida, é claro, tinha um sabor excelente. Além do mais, a apresentação de seus pratos era tão bonita e tão fácil que machucava o ego de qualquer um que tivesse que alinhar sua comida ao lado da dele.
Por fim, Alois o favoreceu.
Os rumores que todos ouviram sobre Klaus, o filho pródigo da família Lörrich, era que seu pai estava cansado de sua atitude e o expulsou de casa de uma vez por todas, mas não o deserdou por causa das leis. Portanto, antes de Klaus deixar as terras de Mohnton como era sua intenção, Alois conseguiu convencê-lo a trabalhar para a família Montchat.
Mesmo depois de ser levado para a casa dos Montchat, Klaus continuou com sua atitude irreverente e também não demonstrou nenhum respeito por Alois, mas este, por sua vez, nunca pareceu se importar. Não importa quantas pessoas falassem em seu ouvido sobre a atitude inacreditável de Klaus, Alois o mantinha em seu emprego.
Será que era porque Alois era viciado no sabor dos doces e doces de Klaus? Esse era o boato que circulava, pelo menos.
○
Por cima dos biscoitos que Klaus havia feito, ele os decorou com uma cobertura feita de clara de ovo e açúcar.
Vermelho, azul, branco e amarelo. Ele desenhou pétalas de cores vibrantes, sobrepondo as cores em contraste perfeito. As pétalas foram traçadas nos biscoitos em maravilhosas camadas multicoloridas que as faziam parecer flores reais.
Em vez de um confeiteiro colocando glacê em uma guloseima assada, Klaus mais parecia um artista pintando em uma tela. Mesmo os mínimos detalhes foram primorosamente expressos com cores ricas.
“Lindo, hein?”
Vendo Camilla encarar seu trabalho estando estupefata, Klaus sorriu. Com um sorriso arrogante no rosto, ele ergueu um biscoito decorado com flores brancas imaculadamente feitas.
“Essa é uma das especialidades de Blume. A flor Sehnsucht, já ouviu falar dela?
“De jeito nenhum.”
Olhando de perto, aquelas flores brancas estavam misturadas com um leve toque de vermelho. As pétalas eram finas e arredondadas nas pontas. Eles davam uma impressão bonita, mas frágil.
Ela nunca foi muito de ver flores, mesmo na capital. Claro, isto também não mudou muito depois que ela foi exilada para Mohnton.
“Quando chega a primavera, elas florescem e são usadas em todos os tipos de perfumes. Sehnsucht, a flor do desejo. E então eu vou dar isso a você, aquela com cabelo preto igualmente bonito.”
Dizendo isso, Klaus pressionou o biscoito em suas mãos sem lhe dar um momento para responder.
Olhando para o biscoito enfeitado com flores intrincadamente detalhadas, apesar de ser menor que a palma da mão, Camilla franziu a testa.
– Como diabos ele foi capaz de fazer algo assim?
Ela não ligava muito para as maneiras de Klaus, mas não podia negar que o talento dele era genuíno. Vendo isso pessoalmente, ela podia entender por que ninguém questionava sua habilidade. Mas não importa quão boa seja sua técnica, a personalidade dele simplesmente não combinava.
Aparentemente, esses biscoitos estavam sendo assados para o consumo e Alois.
De vez em quando, quando lhe dava na cabeça, ele assava comidas assim para Alois. Normalmente, eram confeitos de cores vivas.
Sempre que Klaus trabalhava, ele não conseguia deixar de chamar a atenção de todos os outros na cozinha. Como se procurassem o segredo de seu gênio para usurpá-lo, aqueles cozinheiros ambiciosos observavam cada movimento seu enquanto ele exercia seu ofício.
Mas Klaus não se importava com seus olhares demorados. Se eles quisessem roubar sua habilidade, que tentassem o quanto quisessem. Com um sorriso nos lábios, alinhou os biscoitos que tinha decorado fileira por fileira em um prato fundo.
“E agora, para o toque final…”
Olhando para o prato coberto com todos os biscoitos, menos aquele que Camilla segurava na mão, enfeitado como um campo de flores, o sorriso de Klaus ficou ainda mais largo.
Pegando a garrafa de xarope de bordo que segurava na mão, ele gentilmente desatarraxou a tampa e derramou seu conteúdo sobre os biscoitos, profanando a cena de beleza floral. A calda dourada abafou a cor vibrante das flores enquanto elas afundavam em sua doçura irresistivelmente pegajosa.
Klaus riu zombeteiramente enquanto seus olhos ficavam estreitos.
“Aqui estamos nós. Em um piscar de olhos preparei um prato para alimentar um porco!”
Instintivamente, Camilla jogou o biscoito que segurava na bancada com raiva.
“O que você acabou de dizer…?!”
O biscoito foi quebrado em pedaços e aquele lindo formato de flor se estilhaçou. Ela não se arrependeu de ter feito isso. Agora, ela não se importava com aquela coisa adorável.
“O que você acabou de dizer?”
“Ah, você está chateada?”
Enquanto Camilla o encarava furiosamente, Klaus deu de ombros, como se não esperasse a reação dela. Mas suas mãos não paravam de se mexer. Depois de esvaziar o conteúdo da garrafa de xarope de bordo nos biscoitos, ele pegou um pote de açúcar e começou a espalhar o conteúdo por cima.
“É assim mesmo. Quem mais além de um porco comeria algo assim? Você gostaria de comê-lo?”
“Não é essa a comida que seu mestre vai comer?!”
“E daí? Este nojento pote de açúcar não ficará delicioso de repente só porque meu mestre está comendo. Além disso, mesmo que eu tenha que chamá-lo de ‘mestre’, eu ainda odeio aquele cara.”
“Odiar?! Mas… isso não é apenas por causa da tradição de Montchat?!”
O mestre da família Montchat sempre terá a melhor comida. E para eles, a melhor comida era recheada com todos os tipos de luxos, ou seja, todo tipo de gordura, açúcar e óleo.
Foi o que Alois e Gerda lhe disseram. Camilla sempre achou isso ‘estranho’, mas…
Se Camilla ainda fosse a mesma de quando chegou, poderia ter concordado com as palavras de Klaus. Na verdade, se eles estavam falando apenas sobre a ‘refeição’ na frente deles, os pensamentos de Camilla ainda eram os mesmos. A comida que Alois consumia era indescritivelmente grotesca para ela. Muito mais do que Camilla não querer comê-lo ela mesma, ela não achava que fosse adequado para seres humanos.
– Então por que estou com tanta raiva?
“Mas eu não faço parte de Montchat-”
As palavras de Klaus foram cortadas no meio da frase com um baque.
De cima, um punho o atingiu na cabeça.
“Boa tarde.”
“Aaaaaai… Pegue leve comigo, chefe da cozinha.”
Günter não disse nada ao pedido de Klaus. Ameaçando-o novamente com o punho erguido, voltou-se para Camilla.
“Você deveria ir embora, já chega por hoje.”
“O quê?! Aquele sujeito rude não deveria ser o único a sair?!”
“Não preciso de alguém que passe mais tempo gritando do que trabalhando na minha cozinha. Eu posso dizer que hoje você também está fora do normal. Você pode voltar assim que esfriar a cabeça.”
“Mas foi ele quem me deixou com raiva!”
Quando ela apontou um dedo indignado para Klaus, o culpado acenou com a mão para ela com um sorriso no rosto. Era como se ele estivesse dizendo au revoir.
“O fato é que foi você quem perdeu a cabeça. De qualquer forma, apenas respire fundo e se acalme. Não importa o quanto você grite e berre, para aquele cara isso entra por um ouvido e sai pelo outro.”
Camilla mordeu o lábio inferior com raiva. Günter parecia decidido a deixar Camilla partir por enquanto.
Era verdade que era Camilla quem estava atrapalhando o local de trabalho naquele momento. Nenhum dos outros cozinheiros parecia compartilhar sua raiva por Alois ter sido desrespeitado daquele jeito. É como se eles já tivessem aceitado que Klaus é assim.
Mesmo que estivesse errado, Klaus só estava sendo ele mesmo.
– Se você quer tanto que eu vá embora, que assim seja!
Camilla tentou conter sua frustração enquanto fechava as mãos, apertando os punhos. Quando ela se virou para sair bufando, ela ouviu uma voz zombeteira chamando atrás dela.
“Até mais tarde! Da próxima vez que você aparecer, vou te ensinar a fazer alguns doces.”
“Eu não vou fazer nada assim!”
“Por que não? Se eu te ensinar, você logo se tornará um prodígio. Não deseja que alguém coma a comida que você prepara? Você tem que atingir um cara pelo estômago, sabe? Eu também não me importaria de ser esse cara.”
Após esta última fala, Camilla se virou e fez uma careta para o sorridente Klaus.
“Há alguém que eu gostaria que provasse da minha comida.”
Não era Klaus, é claro. Nem era Alois.
Sim, nem mesmo Alois.
Sempre havia apenas uma pessoa em sua mente, que nunca havia mudado.
“Portanto, não farei nenhum doce.”
Depois de falar a frase acima, Camilla voltou a dar as costas a Klaus e saiu da cozinha.
N/T: Os termos alemães “Blume” e “Sehnsucht” significam “flor” e “espera ou saudade”, respectivamente.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata