A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 92
Estava mesmo tudo bem?
Mohnton era uma terra de frugalidade. Uma terra que evitava exibições ostentosas e vulgares, afastava o vício e a ociosidade, recompensando a diligência e o trabalho árduo.
As pessoas que buscavam o prazer podem cair rapidamente, por isso dedicar-se ao lazer era traiçoeiro e abraçar coisas assim poderia estagnaria a região.
O que Klaus fez foi uma revolta contra a própria história do lugar. Mohnton não precisava de comemorações. Não há necessidade de coisas como festivais. O simples fato de ter sido realizada ostensivamente para “celebrar a nomeação de Klaus como herdeiro” não era motivo para permiti-la.
No mínimo, nenhum dos líderes da casa Lörrich, desde o seu início, jamais realizou tal festival. Embora fosse verdade que a cultura desta cidade era um pouco mais descontraída do que outras nesta terra, ela ainda fazia parte de Mohnton. Era para ser uma terra de paciência e puritanismo.
Mas, em uma exibição cruel e imprudente, Klaus destruiu as tradições que de fato eram mantidas desta cidade.
Entre tantas pessoas, tinha sido justamente Klaus. Entre tantas pessoas…
Era o filho dele.
“Escolher Klaus pode acabar sendo um erro no fim das contas.”
Rudolph segurou a cabeça, tremendo ao pensar no que havia feito.
Pensar que as tradições que os seus antepassados da Casa Lörrich consideravam sagradas seriam completamente desfeitas durante a sua vida… Ele nunca pensou que decidir quem deteria o poder depois da sua partida poderia gerar implicações tão profundas como esta.
E mais, por suas próprias mãos. Foi ele mesmo quem decidiu não interferir no festival de Klaus.
“Ele é um garoto inteligente, mas eu o estraguei demais. Ele é muito egoísta e, além de tudo, não acho que posso ir contra ele agora…”
Rudolph mexeu-se inquieto na cadeira, piscando.
O que as outras famílias pensariam dele agora? A família Lörrich ficaria em ruínos, como havia acontecido com a família Brandt antes deles? Rudolph se perguntou se ele também seria destituído de sua nobreza e forçado a sair de casa, forçado a vagar por Mohnton nas sombras.
Nem as famílias Meyerheim e Ende desejam que haja qualquer mudança em Mohnton. Será que eles considerariam Rudolph um traidor e o derrubariam?
“Será que eu realmente deveria ter escolhido Franz no fim das contas? Ah, mas então, meu irmão iria…”
O relacionamento de Rudolph com Lucas ficou deteriorado há muito tempo. Lucas desprezava seu irmão mais novo e Rudolph estava petrificado com o mais velho. A causa de um relacionamento tão amargo era óbvia; Rudolph tornou-se o chefe da família, título que o irmão mais velho, Lucas, estava convencido de que deveria ser dele.
Por que Rudolph, claramente o mais fraco dos dois, herdou a liderança da família? Depois de ser intimidado por ele desde tenra idade, talvez Rudolph quisesse revelar que pessoa horrível era seu irmão, expondo-o? Ou, talvez, ele realmente quisesse ser o chefe da família mais do que tudo?
Ou talvez…
“Irmã…”
Rudolph gritou para ela.
“Irmã, o que devo fazer? Por favor, me diga o que você pensa, como sempre…”
“Você não tomou a decisão errada, Rudolph. Não se preocupe.”
No quarto particular de Rudolph, quando o Sol começou a se pôr no horizonte, Gerda pegou a mão do irmão mais novo, enquanto os dois estavam sentados ao lado da lareira.
“Se tivesse nomeado Franz para ser seu sucessor, esta casa seria dominada por aquele tolo malicioso de nosso irmão, Lucas. Aquele homem controlaria os ouvidos de Franz e você logo seria expulso.”
Suas mãos estavam enrugadas, mas cheias de uma certa força. Enquanto Rudolph hesitava, suas palavras inabaláveis lhe mostraram o caminho.
“Não se preocupe.”
Seus olhos encaravam Rudolph diretamente. O relacionamento deles não mudou desde que eram crianças. Ela escolheu Rudolph, não seu irmão mais velho, e ajudou a torná-lo o chefe da família.
“Eu já o levei para o mau caminho antes?”
Ao encontrar o olhar de Gerda, Rudolph balançou a cabeça. Ele finalmente sentiu uma sensação de encorajamento com as palavras dela. Uma sensação de alívio. Ela sempre esteve do lado de Rudolph.
Aquele olhar que ela usava para encarar o irmão, ninguém além de Rudolph jamais o viu.
Não era o olhar frio que ela usava para encarar o Lorde de Montchat.
Nem era o olhar penetrante que ela usava com frequência para pessoas como Klaus.
Ele foi o único que viu aqueles olhos verdadeiramente gentis de Gerda. Isso é o que Rudolph acreditava.
“…Você tem razão, irmã. É exatamente como você disse. Eu não tomei a decisão errada.”
Quando Rudolph colocou a outra mão sobre a de Gerda, ele sorriu com um sussurro.
– Vai ficar tudo bem. Contanto que minha irmã esteja comigo.
Não havia nada a temer. Não havia necessidade de se preocupar. Ele não teria que se perder em sua preocupação.
Ele nunca duvidaria de nada que sua irmã dissesse. Sempre foi assim desde que os dois eram crianças.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata