A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 76
A melodia solitária de Finne foi interrompida pela voz de alguém que não conseguia ler o ambiente.
“…Uau, Finne?! Achei que tinha ouvido alguma coisa, mas era você?!”
Ao ouvir aquela voz repentina, Finne parou de tocar e tirou a boca da flauta em uma reação de pura surpresa
Olhando para cima, ela viu um jovem familiar descendo as escadas.
Parecendo um pouco tímido enquanto descia os degraus de forma nervosa, o jovem esguio olhou para ela. Tirando a bolsa de couro que estava amarrada em seu ombro, ele desceu o resto dos degraus.
“Otto!”
Finne levantou a voz com uma descrença atordoada. Otto pareceu um pouco envergonhado, reagindo ao grito de Finne com um ‘Olá’.
“O senhor Klaus e os outros estão aqui também? Nossa, eu tinha quase certeza que era o único que estaria aqui.”
Otto sorriu ao se dirigir ao canto do porão que sempre fora seu durante os treinos, com um passo igualmente praticado. Sem nenhuma cerimônia para entrar naquele local que não via há algum tempo, pegou seu instrumento e esperou.
Mas Finne não o conduziu como de costume. Nos últimos dias, ela brincava sozinha no porão.
“Otto, por quê? Achei que ninguém mais viria…?”
“Hein? E deixar você ter uma grande vantagem de novo?!”
Aqueles olhos competitivos olharam para Finne. Mas depois de dizer isso, Finne pareceu confusa, então Otto coçou a cabeça.
“Você foi a primeira a tocar um som adequado, a primeira a tocar toda a escala. Enfim, você está sempre à nossa frente. É por isso que eu queria voltar aqui assim que eu pudesse fugir. Mas mesmo que eu tenha feito isso, até nisso você me venceu.”
Finne piscou surpresa quando Otto fez beicinho para ela. Ela levou a mão à boca enquanto tremia um pouco. Parecia que ela estava lutando para conter o riso.
No entanto, antes que Finne começasse a rir, outra voz a interrompeu.
“Vamos, Verrat, entre.”
“Dieter, espere, eu particularmente não…”
Eram as vozes de um rapaz inteligente e de uma jovem hesitante. Verrat franziu a testa enquanto Dieter a puxava pelo braço.
Ao notar que Finne olhava para ele com as mãos sobre a boca, Otto coçou a bochecha como se de repente estivesse um pouco confuso.
“Ahh… Como posso dizer isso? Já vi todo mundo entrar antes. Eu queria entrar também, mas estava com um pouco de medo de entrar sozinho, então…”
O grande corpo de Dieter pareceu encolher um pouco enquanto suas bochechas ficavam vermelhas. Mas mesmo que sua boca lutasse para pronunciar as palavras, seu pé bateu de forma levemente impaciente.
“Ainda estou preocupado com os vigilantes, mas por algum motivo, me senti muito inquieto. Antes que eu percebesse, eu estava batendo em um monte de coisas na minha casa para tentar replicar a sensação.”
“Vocês… São todos idiotas!”
Livrando-se da mão de Dieter, Verrat disse isso enquanto cruzava os braços. Olhando para ela de lado, Dieter sorriu.
“Sim, você diz isso, Verrat, mas não acha que tem andado muito por aqui? Eu tenho visto você por aqui constantemente. Quero dizer, eu também estive vigiando o lugar, certo?”
“Humph!” – Sem negar as palavras de Dieter, Verrat empinou o nariz. Finne e o resto sabiam que mesmo que ela parecesse irritada, ela simplesmente não estava sendo sincera com a demonstração de seus sentimentos.
As bochechas de Finne ficaram vermelhas de alegria. Como aquele porão frio e solitário voltou a ficar tão cheio de vida tão de repente?
“Oh, no fim das contas eu tinha razão, todo mundo está aqui!”
A última voz que os interrompeu no topo da escada foi a mais alta até então.
“Victor, é exatamente como eu disse!”
“Mia, espere um segundo… É sério?”
“Agora está me acusando de mentir?”
Aquela voz animada pertencia a ninguém menos que Mia, a noiva de Victor. Olhando para as pessoas no porão, ela gritou de volta escada acima, feliz.
“Você verá se descer aqui. Pelo menos seja um pouco confiante na frente de seus amigos!”
Como se não conseguisse resistir ao pedido de Mia, Victor começou a descer as escadas lenta e nervosamente. Cansada da timidez com a qual ele andava com aquela mala grande debaixo do braço, Mia deu-lhe um tapa nas costas.
“Ande logo!”
“S-Sim… Hum…”
Escolhendo as palavras, Victor olhou para todas as pessoas no porão. Finne, Verrat, Otto e Dieter, assim como Klaus e o grupo que veio com ele. Naquele seu rosto ansioso, ainda era possível notar numerosos pequenos cortes que não haviam cicatrizado e os restos desbotados de um olho roxo.
“Todo mundo está aqui… Para ser sincero, achei que nunca mais veria nenhum de vocês aqui.”
Victor baixou a cabeça, deixando o ar sair de seus pulmões. Seus ombros caíram pesadamente enquanto ele continuava olhando para baixo.
“Tudo isso foi apenas para o meu casamento, então não posso dizer o quanto me sinto culpado. Meu pai me repreendeu, mas… Tenho que me desculpar por causar problemas a todos vocês também.”
Vendo o quão sério Victor parecia, Finne e os outros se viraram surpresos.
“Problemas? Mas-”
“É por isso que…”
Victor continuou, cortando as palavras de Finne. Colocando a maleta que segurava no chão, ele se ajoelhou.
Naturalmente, a atenção de todos se concentrou nesse caso. Aquele estojo de couro, colorido em um excelente tom de preto polido que você poderia imaginar vendo seu rosto nele, era inconfundivelmente um trabalho de alta qualidade. As duas fivelas que o prendiam em ambos os lados eram extremamente brilhantes.
“’Se você for descoberto assim, você não será o único que terá problemas’, foi o que meu pai me disse.”
Victor desfez cuidadosamente as fivelas. Então, com uma espécie de exibicionismo quase reverente, ele abriu lentamente a caixa.
“’Então da próxima vez, certifique-se de não ser pego’.”
Quando ele levantou a tampa, todos se perguntaram que tesouro poderia estar dentro de um recipiente tão magnânimo… Mas o que foi revelado foi um violino bem conservado.
Ao tirar o violino do estojo, Victor levantou a cabeça.
“Desta vez, farei melhor. Vou me certificar de não causar nenhum problema a todos vocês. Então… Vocês vão tocar comigo de novo?”
A expressão em seu rosto era inconfundivelmente herdada de Blume; destemido, mas com uma pitada de travessura.
“Sinceramente… Esta cidade é mesmo ridícula.”
Camilla tinha um sorriso irônico no rosto enquanto observava os seis, incluindo Mia, conversando animadamente entre si.
Em primeiro lugar, o restaurante em ruínas acima deste porão pertencia aos pais de Victor. Ela achou estranho quando soube que havia alguns instrumentos antigos aqui antes mesmo de Victor e os outros decidirem usá-los. De onde vieram esses instrumentos, ela se perguntou? Quem já havia usado esse porão antes deles? Se ela pensasse sobre isso, a resposta seria óbvia.
Mas por mais ridícula que esta cidade fosse… ela também achava que era um lugar interessante. Não eram apenas Victor e seu grupo, mas todas as pessoas nesta cidade pareciam estar escondendo algum segredo ou outro.
– Posso começar a entender como Klaus surgiu, vendo esta cidade.
Por bem ou por mal. Ao pensar nisso, Camilla olhou para Klaus, sem dizer uma palavra…
Mas ela ficou um pouco surpresa quando viu a expressão no rosto dele.
Klaus parecia totalmente cativado enquanto olhava para aqueles seis jovens.
Aqueles olhos geralmente frívolos e despreocupados dele de repente brilharam com alguma paixão recém-descoberta. Suas bochechas estavam tingidas de um tom de vermelho saliente. Por alguma razão, Camilla ficou com inveja daquela alegria em seu rosto.
“Sinceramente, estou um pouco emocionado aqui.”
Klaus disse isso sem ter nenhuma pessoa em mente para ouvi-lo.
Então, como se tentasse manter a calma, Klaus fechou os olhos. Mas não pareceu adiantar muito, já que ele não conseguia reprimir aquele sorriso em seu rosto.
“Seria um desperdício simplesmente ficarem escondidos assim.”
“Klaus?”
Enquanto Camilla o chamava por estar em dúvida, Klaus respirou fundo. Então, com um grande “Ei!”, ele gritou para aqueles seis.
“Já que vocês finalmente estão todos juntos, vocês não deveriam estar tão preocupados em ‘não serem pegos’!”
A voz de Klaus parecia que ele estava realmente se divertindo. Mas ainda assim… Havia algo quase perigoso por trás daquelas palavras. Assim como o rosto de Victor tinha antes, a expressão de Klaus era uma mistura perfeita de destemor e travessura total.
“Então o que eu estava pensando era: Por que não fazemos um show?! Dessa forma, todos podem ouvir vocês! Na verdade, vamos fazer disso uma comemoração por eu ter me tornado o sucessor! Teremos um grande festival também!!
Essencialmente, cada palavra que saiu de sua boca contrariava as tradições de Mohnton. Até mesmo o geralmente bem-educado Alois olhou para Klaus com um olhar estranhamente aguçado.
Sinceramente, se a cidade era ridícula, então este homem personificava o cúmulo do ridículo.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata