A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 48
Cerca de um mês se passou desde o desastre de pedras de mana na região de Einst.
A avaliação dos túneis e cavernas subterrâneas já havia sido concluída há muito tempo e a cidade estava em processo de reconstrução.
Depois de dar fim aos escombros, o próximo passo foi iniciar novos projetos de recuperação de terras que evitassem a construção sobre os veios de pedras de mana. Novas casas tiveram que ser construídas e muitas estradas foram consertadas, com os habitantes da cidade cada vez mais conscientes do chão que estava sob seus pés do que antes.
Até agora, a maioria das famílias deslocadas na cidade havia sido transferida de volta para prédios sólidos. Eram edifícios grandes, mas simples, que podiam abrigar muitas pessoas ao mesmo tempo. Mesmo que não fossem luxuosamente decorados, serviam para proteger do vento e da chuva, de modo que eram muito melhores do que dormir em uma barraca.
Agora que as novas áreas a serem recuperadas estavam sendo decididas e as tarefas que estavam diante das pessoas ficaram claras, o renascimento da cidade poderia realmente começar.
O espírito daquela cidade, assim como seu povo cujo espírito havia afundado, começou a se erguer e ansiar pelo dia em que seu orgulho seria restaurado.
E as pessoas que vieram de Grenze tomaram a liderança para apoiá-los.
“Você pediu ajuda ao povo de Grenze?!”
Um mês atrás, depois de ouvir isso de Alois, Camilla ficou estupefata.
A rixa entre Einst e Grenze era infame e Camilla percebeu o quanto aquele sangue ruim corria depois que ela própria foi até Einst.
As duas cidades contrastavam fortemente uma com a outra. Irreverente, mas vibrantemente cheia de vida, assim era Grenze. Obstinada, mas com uma espécie de orgulho modesto, assim era Einst. Infelizmente, a razão pela qual elas derrubavam cabeças foi devido a ambas serem cidades mineiras que competiam para sustentar a economia de Mohnton.
Se não fosse por esse único ponto de semelhança, essas duas cidades provavelmente nem pensariam uma na outra. Em vez disso, cada cidade se comparava constantemente com sua contraparte e, especialmente para Einst, geralmente se afundava em um sentimento de inferioridade ciumenta.
Já que Einst era assim, chamar por ajuda justamente de Grenze, de todos os lugares possíveis, deve ter sido completamente fora de questão. Especialmente porque Einst ficou ainda mais nervosa depois do desastre. Sem mencionar a atitude geralmente xenófoba de Einst, tudo isto parecia uma receita para todo tipo de desastre futuro.
A própria Camilla achou isso totalmente irracional.
“É a cidade grande mais próxima de Einst, sem falar que o povo de Grenze é habilidoso e versado quando se trata de veios de pedras de mana e também de veios de miasma.”
Camilla estremeceu com a ideia, mas Alois parecia bastante calmo com toda a situação.
“Falsch é uma cidade montanhosa e não fica por perto. O povo de lá levaria muito tempo para enviar ajuda. No momento, Blume tem seus próprios problemas para lidar. Eu também pedi apoio em casa, mas agora o melhor decisão a tomar é trazer a ajuda de Grenze. Já que aquela cidade está acostumada com a mineração quase tanto quanto este lugar, eles não são meros conhecedores, mas as pessoas de lá também são fortes.”
“Bem… Suponho que seja verdade, mas…”
Ela não conseguia encontrar nenhuma falha na lógica de Alois. Além do mais, as pessoas em Grenze provavelmente lidaram com desastres semelhantes no passado, embora em menor escala. Mesmo que a ameaça tivesse diminuído um pouco desde a crise inicial, ter por perto pessoas que soubessem identificar e tomar medidas contra a instabilidade das veias de pedras de mana e também os surtos de miasma seria de grande ajuda.
Mas, acima de tudo, Grenze era a cidade mais próxima de Einst. Não deveria ser necessário entrar em contato com pessoas de cidades mais distantes.
Ela sabia disso. Pelo menos isso era fácil de entender. A escolha de Alois foi a opção mais lógica e pragmática disponível para ele.
– Mesmo assim…
Ela não tinha um contra-argumento sólido, mas algo em seu coração a fez desconfiar de suas palavras.
Enquanto Camilla ponderava em silêncio, Alois sorriu para ela.
Era uma expressão gentil, como se ele estivesse tentando livrá-la de qualquer preocupação.
“Além disso, pode ser uma boa oportunidade. Talvez as duas cidades possam se tornar um pouco mais amigáveis. Afinal, não é em tempos como este que você pode ver os verdadeiros sentimentos das pessoas?”
Mais uma vez, ela não conseguiu encontrar muita falha na ideia calmamente expressa por Alois.
Mas Camilla também não conseguia simplesmente acenar com a cabeça de forma obediente.
Ele estava se aproveitando do momento de fraqueza de Einst? Isso é tudo o que Camilla conseguia pensar.
Pensando bem, Alois não era o tipo de pessoa que deixava transparecer seus verdadeiros sentimentos no rosto.
Não era como se ele nunca ficasse com raiva, mas ele geralmente tentava manter suas emoções sob controle. Pensando bem, as únicas vezes que Camilla realmente se lembrava dele perdendo o controle de suas emoções foram quando ambos tiveram uma discussão no orfanato em Grenze e quando Nicole quebrou aquele prato de lembrança dele.
Ele tinha uma forte medida de autocontrole. De fato, por questão de ser um lorde, era uma virtude ter um domínio tão firme sobre as próprias emoções.
Essa linha fria de pensamento o levou à decisão “mais correta” de trazer reforços de Grenze.
Apesar de algumas pequenas brigas no início, as pessoas logo aprenderam que não tinham escolha a não ser cooperar em tal situação. Enquanto trabalhavam duro juntos para reconstruir a cidade, não demorou muito para que alguns daqueles olhares frios e insultos se tornassem risadas e sorrisos.
Caminhando pelas ruas, as pessoas de Einst e Grenze caminhavam e trabalhavam lado a lado. Ainda havia um pouco de resistência por parte dos homens e mulheres mais influentes da cidade, mas para os habitantes da cidade que entravam em contato com aqueles trabalhadores forasteiros todos os dias, suas atitudes não demoraram a mudar.
– É uma coisa bonita de se ver.
Desde o início Camilla achava ridículo ver pessoas do mesmo território brigando entre si. Aquele ar abafado de Einst, que quase parecia se fechar para o mundo, irritava Camilla de várias maneiras. Ao abrir as janelas e aprender a receber gente nova, a cidade mudaria para melhor.
– É uma coisa bonita mesmo, mas…
Einst certamente estava indo na direção certa, provavelmente tudo de acordo com as intenções de Alois.
Mas os planos de Alois iam muito além de uma mera cidade. Como o senhor desta terra, seus pensamentos sempre foram para o território como um todo.
No entanto, Camilla simplesmente não conseguia pensar da mesma maneira. Aqueles pensamentos que ela não conseguia encontrar uma maneira de expressar em palavras giravam em seu peito como um redemoinho.
Apesar do potencial para confrontos, não havia dúvida de que Alois viu com calma uma oportunidade após o desastre.
Não.
– Ao invés de calmo, ele não está sendo frio?
Afobada, Camilla tentou tirar aquele pensamento da cabeça enquanto quebrava a cabeça naquele quarto que lhe fora dado em Einst.
Alois, os habitantes da cidade e os ajudantes que chegaram de Grenze. O único pensamento de todos era ajudar a reconstruir a cidade. Por estar pensando em tal coisa quando todos estavam tentando trabalhar tanto, Camilla sentiu que era ela quem estava sendo fria e calculista.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi