A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 08
Depois que Alois foi trabalhar, Camilla ficou sozinha.
Assim que ela abriu as janelas para sentir um pouco de ar fresco, o miasma penetrou diretamente. O cabelo preto de Camilla ficou crespo no ar úmido e o vento atingiu sua pele.
Esse miasma era definitivamente prejudicial ao corpo de uma pessoa. De pequenas dores e pele irritada a cabelos desgrenhados e erupções cutâneas, os efeitos definitivamente variavam de pessoa para pessoa.
Quanto mais forte é a magia de alguém, mais suscetível aos efeitos do miasma ela está. Então, embora Camilla definitivamente estivesse irritada, isso não era nada comparado ao que Alois devia estar passando. Além disso, o miasma ao redor de Grenze era particularmente espesso, pois era uma fonte muito rica de pedras de mana.
– Se você levar isso em conta, é um milagre todas as pessoas que moram por aqui não parecerem feias.
Camilla inclinou a cabeça enquanto olhava para as ruas abaixo da janela.
Era outra residência que a família Montchat possuía em Grenze, onde planejavam ficar por alguns dias. Pelo que Camilla podia ver da janela, todos na cidade que estavam logo abaixo pareciam estar bem.
A mansão principal ao Sul foi construída em uma colina longe da cidade, mas a propriedade em Grenze foi praticamente construída no centro da cidade. Por causa disso, o jardim não era tão grande quanto o da mansão.
Camilla dormia em um quarto no segundo andar. Embora esse quarto tenha uma pequena distância para o solo, ela ainda consegue distinguir os rostos das pessoas andando na calçada logo abaixo ou até mesmo entender os temas das conversas que acontecem aqui e ali.
Enquanto observava a vista do lado de fora, em uma tentativa de evitar o tédio, ela sentiu uma sensação desconfortável ao olhar para quem estava passando.
Todas as pessoas que andavam pelas ruas pareciam ter uma pele linda e bronzeada. As únicas pessoas que pareciam estar lutando com problemas de pele eram os jovens mercadores estrangeiros que apareciam às vezes enquanto observava, que ainda deviam ser novatos em viagens.
Embora Mohnton estivesse florescendo no comércio, dificilmente era um destino turístico. Na capital existiam todos os tipos de histórias contadas sobre essa terra escura onde apenas os mercadores ousam pisar.
Por exemplo, uma delas dizia que todas as pessoas que moravam por lá tinham um rosto tão feio quanto o de Alois. Ou que, quando a pele de alguém era exposta ao miasma, ela se rompia em urticária e apodrecia. Ou ainda, que todas as pessoas que voltavam de Mohnton tinham uma aparência quase igual a de um sapo.
Como Alois foi o único representante de Mohnton que muita gente viu na capital, o preconceito só aumentou. Camilla não acreditava nos rumores de todo o coração, mas ela definitivamente achava que algo nesse sentido era verdade.
Então esta era realmente uma visão desconcertante para ela.
– Sendo assim, por que ele é a única pessoa cuja pele fica tão ruim?
Será que foi porque seu poder mágico era muito forte ou porque sua pele era muito fraca? Ou foi outra razão totalmente diferente? Ele era um homem difícil de entender.
Para Camilla, que estava tentando gostar desse homem, esse mesmo homem estava dificultando seu caminho. Tanto com relação à sua pele pobre ou quanto ao seu excesso de peso, Camilla não teve nenhum sucesso até agora.
– Ele não vai se exercitar, não vai reduzir suas refeições… Ele continua comendo apenas alimentos gordurosos e açucarados…
Mesmo que ela tenha conseguido tirá-lo de casa, eles ainda estão no território dele. Não importava o quanto ela fosse pressioná-lo, Alois não parecia ceder. Todas as ideias que ela teve falharam miseravelmente.
– Mas por que as coisas não estão indo como o planejado?
Sem saber a resposta para essa pergunta, Camilla suspirou. Ao olhar para o chão em desânimo, Camilla perceben algo, balançando a cabeça vigorosamente.
“Nem se passou um mês ainda…!!”
É muito cedo para ficar deprimida. Ela sabia que este seria um longo caminho. Camilla estava disposta a andar sobre as chamas se fosse preciso se o resultado indicasse que ela veria as lágrimas das pessoas que a humilharam na capital.
“Com isso dito, ele é quem quer se casar, então ele não deveria estar tentando perder peso? Nesse caso, por que ele está dificultando as coisas?! Ele deveria tentar fazer algo sobre isso sozinho!!”
Batendo os dedos em suas bochechas carrancudas, Camilla fechou os olhos. Então, depois de respirar fundo, levantou o rosto.
Quando seus olhos se abriram, ela viu as belas cores de um céu ensolarado. Daquela animada cidade de Grenze, o vento soprava pela janela.
O vento podia estar úmido com aquele miasma irritante, mas trazia consigo um frio ligeiramente refrescante do início do outono.
“É por eu estar trancada aqui sozinha que tenho me sentindo tão deprimida!”
Alois não vai voltar por um tempo. Enquanto isso, a sala parecia escura e úmida com o ar estagnado e úmido.
Então, Camilla decidiu que iria para fora.
Seria uma mudança de ritmo muito mais agradável do que simplesmente esperar sozinha por Alois em seu quarto.
Ela queria dar uma volta pela cidade com uma empregada como guia.
Mas, quando procurou uma empregada, não conseguiu nenhuma que aceitasse guiá-la.
“Estou ocupada’ ou ‘tenho alguma coisa pra fazer’, ela sempre era rechaçada com falas assim. Mesmo quando ela falava com uma empregada que parecia estar livre, acabava recebendo as mesmas desculpas. Ao dizerem que tinham agendado trabalho depois disso, Camilla podia entender.
Mas ainda era irritante para ela ter de se esgueirar de volta para o quarto. Camilla continuou andando pela mansão, conversando ativamente com todas as empregadas que encontrava.
“Ei, você ouviu? Essa suposta vilã, ela está hospedada nesta casa agora.”
“Eu ouvi, eu ouvi. Ela exigiu sair pra algum lugar ou coisa parecida.”
“O mestre realmente pretende se casar com alguém assim, hein? Ele realmente devia reconsiderar.”
Primeiro andar da propriedade. O quarto da ala norte é usado como sala de descanso para as empregadas domésticas e outras servas.
Quando ela parou do lado de fora do quarto onde esperava encontrar uma empregada com algum tempo livre, Camilla ouviu fofocas animadas vindas de dentro. Olhando pela fresta da porta entreaberta, ela viu três empregadas conversando entre si.
“Ela realmente ter um rosto terrivelmente desprezível, não é mesmo? Vocês viram isso?”
“Eu vi. Ela realmente falou comigo um pouco antes. Disse que queria sair, tentando me fazer ir com ela.”
“Não brinca-! E então, o que aconteceu?”
“Eu recusei, é claro. Eu disse a ela que estava muito ocupada. Se eu saísse com uma mulher assim, todos iriam me encarar achando que sou louca.”
Camilla lembrou-se de um de seus rostos.
Uma jovem bastante magra, cujos cabelos castanhos estavam presos em uma trança. Ela devia ser um pouco mais nova que Camilla? Ela parecia mansa e frágil à primeira vista, mas conversava com as outras empregadas de uma maneira bastante pomposa.
É difícil acreditar que foi a mesma garota que baixou o ouvido e falou em um tom pouco mais alto do que um sussurro quando Camilla a chamou mais cedo.
“Ah, você é horrível. Ela não vai ser a esposa do mestre algum dia? Não será motivo pra riso se ela descobrir.”
“Mesmo você sempre vindo até aqui para faltar ao trabalho.”
“Eu não faço ideia do que vocês estão falando. Não estou faltando ao trabalho. Como terminei minhas tarefas cedo, estou simplesmente dando uma pausa.”
Quando ela disse isso, as empregadas riram umas para as outras.
Elas não parecem ter notado Camilla, parada do lado de fora da porta.
– Mas o quê…?
Seu entusiasmo com o pensamento de passear pela cidade havia esfriado completamente. Na verdade, parecia que todo o sangue em seu corpo havia esfriado.
Mas, aquela sensação de frio durou apenas um instante. Imediatamente, outra emoção começou a ferver à sua superfície. Seus ombros endureceram e seus dedos tremeram.
Camilla cerrou os dentes, reprimiu os dedos trêmulos e segurou a maçaneta da porta com força.
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi