A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 83
Tal como esperado, uma armadilha foi preparada.
Era fácil presumir que uma ou duas pessoas os traíram. Como a milícia vigilante previu a ida à floricultura, era possível fazer essa previsão.
A julgar pelo momento que as informações vazaram, devia ser um dos músicos ou até mesmo Mia. Mesmo que fosse alguém entre os seis, eles estavam agindo em nome de outra pessoa.
Ainda não era possível ter certeza se eles haviam sido traídos por várias pessoas ou por uma só pessoa. Ou será que as mãos de Franz já tinham alcançado todos eles?
Ele gostou do tempo que passou naquele porão, mas nunca baixou a guarda. Ele não fingiu interesse pelos sonhos dos jovens músicos ou admiração pela paixão deles. Mesmo assim, ele sempre manteve suas suspeitas. Talvez essa fosse apenas a natureza de alguém nascido na Casa de Lörrich?
Mas embora suspeitasse dos outros, ele confiava em Alois, em Camilla e na empregada dela, Nicole.
Por isso sempre teve certeza absoluta de que, quando saísse, um daqueles três estaria ao seu lado.
Klaus vinha agindo com cautela há um bom tempo.
Ele se certificou de nunca ficar completamente sozinho. Evitando assumir qualquer trabalho ou responsabilidade que o deixasse isolado, ele preferia ir a locais com a maior quantidade de pessoas possível. Além disso, ele nunca aceitou nenhum convite de seu tio. Mesmo que fosse convidado diretamente para sua sala de estudos, ele sempre encontrava uma desculpa para não aceitar.
Ele teve conversas com Franz. No entanto, ele rejeitou categoricamente a oferta de “conversar sozinho”, sempre trazendo um ou dois guardas com ele.
Eventualmente ele sabia que seu tio ficaria impaciente com a teimosia com que ele se defendia. Mas não havia como eles deixarem o festival acontecer sem que houvesse confusão. Afinal estava sendo realizada em nome da “comemoração da nomeação de Klaus como sucessor”. O orgulho e a honra que eles nutriam não permitiriam que Klaus fizesse uma declaração tão conclusiva de forma tão ampla e pública.
Para começo de conversa, a razão pela qual Klaus propôs um festival foi porque ele sabia que algo “brilhante” e “divertido” provocaria o temperamento explosivo de seu tio com mais facilidade.
Ele devia ter odiado isso. Deve ter sido como uma coceira rastejando constantemente sob sua pele. Provavelmente sua vontade era se livrar de Klaus, que se opunha tão teimosamente a ele, o mais rápido possível.
Eventualmente, ele teria atingido os limites de sua paciência.
Essa hora parecia ter chegado.
〇
Os sons que ressoavam na praça eram de gritos raivosos junto com os sons de objetos caindo e sendo jogados no chão. Victor e os outros jovens vigilantes saíram correndo do beco em pânico.
Klaus também se virou para segui-los de volta à praça. Sendo um dos primeiros a entrar no beco, fazia sentido que ele fosse um dos últimos a sair. Camilla fez a mesma coisa.
“Klaus!”
Quando Camilla viu Klaus atrás dela, ela o chamou por pura preocupação.
“Você sabe onde o Lorde Alois está?! Eu não o vejo há um bom tempo! Ele também não estava com esse grupo, então será que… Você acha que ele foi pego pela…?!”
A pele de Camilla ficou pálida quando suas palavras foram desaparecendo. A ideia de que Alois pudesse ter sofrido algum mal a deixou sem palavras.
Pensando bem, ele tinha visto Camilla procurando por Alois por toda a praça antes. Não era como se eles estivessem sempre juntos. Além do mais, eles tinham tarefas diferentes para fazer hoje. Deveria estar tudo bem se eles ficassem separados por um tempo… Mas o que ele não esperava era ver aquela expressão no rosto de Camilla.
“Camilla, aquele cara…”
Apesar de sentir ciúme por Alois contar com a sorte de ter alguém como Camilla preocupada com ele, Klaus sentiu uma certa culpa ao ouvir as palavras de Camilla também, então se virou para dizer algo a ela.
Quando ele se virou, ele não estava olhando para nada. Seus olhos simplesmente vagaram.
Mas as palavras que Klaus queria proferir ficaram presas em sua garganta. Ele respirou fundo e suspirou, fingindo não ter percebido.
“Camilla.”
Klaus não olhou para Camilla enquanto falava. Seu olhar estava fixo atrás dela, nas sombras do terreno baldio.
“É melhor você ir em frente.”
“O quê…?”
“Tem outra coisa que quero investigar por aqui.”
Ele tentou esconder, mas Camilla percebeu o quão sério era a forma como Klaus falava. Ela não voltou pelo beco. Em vez disso, ainda em dúvida, ela olhou para Klaus.
“Qual é o problema?”
“Não é nada. É melhor você ir em frente e ver o que está acontecendo na praça. Parece que tem algo muito problemático acontecendo por lá.”
Desta vez, o olhar sério de Klaus voltou-se para Camilla quando ele pediu isso a ela.
“Resolva o problema lá na praça, Camilla. Você é a única pessoa em quem eu posso confiar.”
Klaus sabia que proceder dessa maneira era injusto. Se ele falasse assim, era como se estivesse forçando Camilla a assumir a responsabilidade pelo que aconteceu.
Mas apesar de seu rosto parecer estrondoso, Camilla mordeu o lábio e assentiu.
“Não sei o que está pensando, mas… Eu te entendo.”
“Obrigado.”
Enquanto Klaus agradecia com de forma muito sincera, mas apressada, Camilla franziu a testa. Mas, decidindo não pressioná-lo ainda mais, ela passou correndo por ele de volta à praça, sem olhar para trás uma vez sequer.
Klaus fez o possível para reprimir um sorriso quando ela passou correndo por ele. Enquanto ela orgulhosamente segurava as pontas da saia para se mover o mais rápido que pudesse, sua forma de corrida parecia bastante engraçada.
Klaus respirou enquanto sorria suavemente para si mesmo.
Foi aí que ele respirou fundo.
“Ei, Franz, esse seu plano não foi tão ruim.”
Klaus encolheu os ombros enquanto sua voz voltava ao tom frívolo de sempre. Um por um, os milicianos vigilantes de Franz saíram das sombras daquele terreno desordenado.
Em poucas palavras, Klaus era a pessoa que eles queriam atrair para aquele lugar. Eles precisavam afastar Klaus da praça pública para algum lugar com menos pessoas observando. Eles queriam que ele estivesse sozinho naquele lugar deserto. Então, para que isso acontecesse, eles tiveram que causar duas distrações.
É claro, havia outro motivo para a confusão que estava acontecendo na praça. Franz não poderia permitir que o festival continuasse de forma alguma.
Mas acabar com este festival não era o único objectivo. Com bastante alvoroço e uma demonstração de força, seria possível causar um sentimento de medo nas pessoas da cidade. Seria uma pílula amarga de engolir para todos os que participaram, ver toda aquela preparação ser em vão. Depois disso, ninguém mais tentaria organizar outro festival.
Klaus estava com raiva. Mas, pela forma como a situação estava, não havia muita coisa que ele pudesse fazer a respeito. Ou seria possível que ele estivesse simplesmente satisfeito por garantir que Camilla escapasse?
“Normalmente você é extremamente honesto. Não posso dizer que odeio nem um pouco a ideia de você planejar algo fora da caixinha.”
Por enquanto ele iria agir disfarçadamente.
Com um sorriso malicioso no rosto, Klaus olhou para as pessoas que o cercavam lentamente.
Havia apenas cinco homens cercando Klaus.
Será que era porque a maior parte de sua mão de obra estava sendo usada para acabar com o festival? Ou ainda havia mais desses homens escondidos em algum lugar? Era difícil dizer qual era a resposta.
Mas a resposta pouco importava para Klaus. Ele não era um guerreiro, então lutar contra cinco pessoas era totalmente inútil. Era impossível para ele vencer qualquer luta honesta e, sendo confrontado assim, seria incrivelmente difícil realizar qualquer truque astuto. Não demorou muito para que sua única saída do estacionamento fosse bloqueada atrás dele. Não parecia que fugir era algo possível agora.
Klaus olhou para os rostos dos cinco homens ao seu redor. Um deles que chamou sua atenção foi um homem que ele conhecia há muitos anos.
Um homem com cabelo castanho claro encaracolado, similar ao de Klaus. Mas ele era mais alto que Klaus, com ombros mais largos. Aquela expressão de nervosismo que ele teimosamente tentou esconder com uma carranca talvez revelasse sua natureza contrária.
“Irmão, essa sua boca nunca muda, não é?”
Franz disse isso quando um sorriso surgiu em seu rosto. Depois ele caminhou lentamente em direção a Klaus.
“Essa boca…”
Klaus ficou no local. Foi por causa de sua fé na relação de sangue que ele acreditou que não seria assassinado imediatamente? Klaus não recuou nem um pouco, mesmo quando Franz ficou cara a cara com ele, embora se perguntasse o que iria fazer.
Isso não foi nada bom.
“Já faz muito tempo que tenho vontade de fechar essa boca.”
Depois de soltar a respiração que estava prendendo, Franz deu um soco na bochecha de Klaus.
Klaus não conseguiu ficar em pé devido à força do soco repentino. Ao cair, Franz o seguiu e montou em cima dele, agarrando sua nuca.
Então, virando-o, forçou-o a olhar para ele, para aqueles olhos cheios de ódio.
“Por que você não simplesmente não morreu naquela época?”
“Quem mais iria te atormentar se eu fosse embora?”
Enquanto Franz dizia aquelas palavras frias para ele, Klaus ria debochadamente na cara dele.
Já se passaram dezenove anos desde que Franz nasceu e já faz uma década que Klaus não faleceu.
A primeira vez que esses dois irmãos brigaram abertamente foi uma visão verdadeiramente terrível de se ver.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata