A Vilã Quer Emagrecer o Seu Marido - Capítulo 89
A garota olhou maravilhada para o palco.
Ela tinha dez anos, será? Além daquela garota, não havia mais ninguém por perto. Ela tinha sido separada de seus pais ou amigos? Ou ela simplesmente se perdeu sozinha em meio ao caos?
Depois de organizar seus pensamentos, Camilla se aproximou da garotinha perdida na rua principal.
“Qual é o problema? Está perdida?”
Quando Camilla a chamou, os ombros da garota saltaram. Parecia que ela estava tão absorta no som que não viu Camilla chegando. Aqueles olhos redondos com os quais ela olhava para Camilla pareciam confusos.
“Hum, uh, me desculpe. Eu olhei sem permissão.”
“Tudo bem. Se quiser, você pode se aproximar para assistir. Suponho que você está perdido, não é mesmo?”
“Eu não estou perdida!”
As bochechas da garota ficaram inchadas enquanto ela fazia beicinho.
“Estou esperando meus amigos. Eu sei como voltar para minha casa sozinha!”
“Eu entendo, foi erro meu. Então não tenha pressa e ouça… Ah, não… Espere só um minuto.”
Como se de repente se lembrasse de algo, Camilla olhou ao redor da rua principal. Barracas em ruínas alinhavam-se nas calçadas. Ao olhar, ela tentou ver a barraca de Günter, que deveria estar por ali.
A barraca de Günter foi montada em uma boa posição, próxima à praça principal. Felizmente ela não foi muito danificada. Günter deve tê-la protegido bem, já que toda a culinária que ela podia ver ainda estava em bom estado. Assim que viu isso, Camilla correu em direção à barraca.
Sentado ao lado de sua arquibancada, Günter estava sozinho. Ele estava curvado como todo mundo, exausto. Com um olhar sombrio para a praça, ele suspirou.
Enquanto ele estava sentado sozinho, carrancudo, Camilla de repente entrou em cena, cheia de vigor. Günter afastou-se da praça e franziu a testa diante da súbita intrusa.
“Ei, o que você está fazendo? O que aconteceu?”
“Preciso pegar sua barraca emprestada por um momento.”
“Hein?”
Sem prestar atenção ao estupefato Günter, Camilla esgueirou-se para trás do balcão.
A barraca estava arrumada e bem organizada, equipada com um fogão externo simples de usar. Para que a barraca não queimasse, o fogo fica totalmente enclausurado. Uma rede foi estendida sobre as brasas, com um espeto e uma garrafa de molho ao lado.
A carne foi deixada em um baú de pedra no chão, bem resfriado com ferramentas mágicas.
A pederneira estava… Perto das brasas. Assim que a encontrou, Camilla acendeu o forno. Depois de espetar a carne em um dos espetos, ela a colocou sobre a rede depois de esperar que o fogo começasse a queimar de verdade.
“O que pensa que está fazendo?”
Olhando para dentro da barraca, Günter olhou para ela, perplexo. Não foi de admirar. Ele concordou em participar do festival e estava se preparando para finalmente se divertir, quando de repente sua barraca foi atacada por um grupo de homens. Depois de finalmente conseguir combatê-los com tudo o que pôde, no momento em que fez uma pausa, sua barraca foi finalmente tomada por uma invasora solitária.
“Deve ser simples perceber se você olhar.”
Mas a resposta de Camilla pareceu fria. Sem se virar para olhar para ele, ela continuou a grelhar a carne no fogo.
A carne grelhada no forno estava carbonizada com o padrão da rede abaixo dela. O suco da carne escorria pela rede, caindo no fogo em nuvens de fumaça. Aqueles sucos escorrendo da carne eram um sinal de que ela ainda não havia sido cozida até a perfeição.
“Deve ser simples perceber se eu…? Ei, você alimentou demais o fogo! Você vai queimar a maldita barraca! Pare de pressionar a carne contra a maldita rede! Você ao menos temperou isso corretamente?!”
“Como eu deveria saber?!”
“Argh, droga! Sua mulher sem gosto!”
Günter coçou a cabeça, irritado. Ignorando o homem, Camilla continuou grelhando a carne no fogo.
A fumaça oleosa serpenteava para fora da tenda e carregava uma fragrância pela rua. A garota que estava ali de repente se virou para olhar a barraca onde Camilla trabalhava. Depois de olhar um pouco confusa por um tempo, ela correu até ele.
“O que está fazendo?”
A garota se esticou para olhar por cima da bancada e olhar para dentro da cabine. Embora a carne tenha ficado um pouco cozida demais, ainda parecia macia e suculenta. Com um som “Fufu”, Camilla tirou o espeto do fogo.
“Parece delicioso, não parece?”
“Sim…”
Os olhos da garota estavam firmemente fixados no espeto que Camilla segurava.
Com a atenção empolgada da menina, Camilla começou a glacear a carne no molho só para se exibir. O molho era levemente adocicado, o que junto com o cheiro já agradável da carne exala uma fragrância irresistível.
Como esperado, parecia a maneira perfeita de atrair clientes. A garota não conseguia tirar os olhos daquilo.
“São cinco moedas de cobre Licht.”
A moeda de que Camilla falou era a moeda mais barata que circulava em Sonnenlicht. Cinco dessas moedas não seriam uma compra cara, mesmo para um plebeu. Era algo que até as crianças podiam pagar.
No entanto, os ombros da garota caíram com essas palavras.
“…Hum, eu… Eu não tenho dinheiro…”
“…Bem, normalmente seriam cinco moedas de cobre. Mas hoje as crianças comem de graça.”
A garota olhou para Camilla. Diante daqueles grandes olhos cintilantes, Camilla sorriu.
Ela esperava que o dono da loja não ficasse muito impaciente por ela exercer alguma autoridade para algo assim. Para começo de conversa, se as coisas continuassem assim, ele não teria recebido um cliente sequer.
“Muito obrigado, senhorita primeira cliente.”
Ao dizer isso, Camilla estendeu o espeto recém-grelhado.
Depois de pegar o presente, a menina saiu correndo, aparentemente satisfeita por não ter ido à praça.
“…A primeira e a última cliente, suponho?”
Com a saída da garota, não havia mais nenhum outro cliente em potencial, tanto na praça quanto na rua principal.
Bem, de qualquer forma, um cliente era melhor que nenhum. Só de ter visto os olhos de uma garota brilharem foi uma pequena recompensa.
A fumaça perfumada continuou a subir pela rua. Sem prestar atenção em Günter, que continuava tentando dar-lhe sermões sobre como cozinhar bem a carne no espeto, Camilla sorriu, um pouco solitária.
Mas, depois de escurecer… Afinal, as crianças são realmente astutas.
Eventualmente, aquela garota voltou – e com muitos amigos a reboque.
“Ouvimos dizer que as crianças comem de graça.”
Havia um grande grupo de crianças, todas com cerca de dez anos. Entre eles, um garoto que provavelmente era o líder do pequeno grupo falou descaradamente.
“Deveria ser gratuito mesmo com tantos, certo? Por favor, dê um pouco a todos.
Havia mais de onze ou doze pessoas no grupo. Na verdade, ela previu mais chegando. Será que ela reuniu todas as crianças da sua idade nos arredores de Blume? Distribuir tantos espetos de graça eliminaria facilmente qualquer esperança de margem de lucro, normalmente.
“Você não é corajosa?”
“Hmph,” Camilla cruzou os braços atrás do balcão da barraca.
Camilla se lembrou do rosto do pirralho atrevido à sua frente. Ele foi um dos ‘professores’ de Klaus que eles encontraram, pouco depois de chegarem originalmente a Blume.
“Você, você é o ‘professor travesso’ de Klaus, não é? Você realmente é um garoto tão ruim quanto eu imaginava… Klaus disse para você vir aqui?
Enquanto Camilla olhava para o menino com desconfiança, ele retribuiu um olhar teimoso. Mesmo sendo jovem, parecia que ele tinha tanta atitude como habitante de Blume quanto os adultos desta cidade.
“Que tipo de atitude é essa em relação aos seus clientes? Quando você disse que as crianças comem de graça, isso era mentira?”
“Não foi mentira de jeito nenhum. Muito bem, farei com que todos vocês comam de graça. No entanto! Em troca… Vocês tem que comer seus espetos enquanto ouvem a cantoria na praça!”
Ao grito de Camilla, as crianças aplaudiram de repente.
Eles acenaram com tapas nas mãos uns dos outros de uma forma que Camilla nunca tinha visto antes.
Por todas as ruínas pisoteadas do festival destruído, ecoavam as risadas das crianças. A situação pode até ter assumido uma forma diferente, mas à sua maneira, foi isso que Camilla sonhou.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata