Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 66
“Bem, eu sinto muito por ser tão desagradável!”
Empurrando Nicole para o lado, Camilla ficou cara a cara com Verrat.
As duas garotas pareciam confusas tentando entender por que Camilla de repente se intrometeu no meio da conversa, mas essa confusão logo se transformou em medo por causa da hostilidade explícita de Camilla com elas.
“M-Mas o que você…?”
“O que há de errado em querer ser amada pela pessoa que você ama? E daí se eu estava com ciúmes? E daí se eu guardei rancor? O que há de errado com isso?”
“Hein…?”
Verrat e Finne começaram a tremer terrivelmente. Isso só fazia sentido, é claro. Quem não ficaria profundamente amedrontado se alguém obviamente mais alto na escada social voltasse seu ódio inconfundivelmente venenoso contra você dessa maneira, por uma razão que você nem consegue entender?
Mas Camilla não tinha olhos para ver seus rostos assustados. Ela também não tinha ouvidos para ouvir a voz de alguém atrás dela, tentando acalmá-la.
A única coisa que ela podia sentir era a raiva crescendo em sua cabeça, como uma torrente de água contra uma represa. Aquele calor crescente deu lugar às palavras frias que saíram dos lábios de Camilla.
“Mesmo que a pessoa que eu amei escolha outra mulher, eu deveria apenas jogar fora meus sentimentos e humildemente parabenizar os dois? Quando o vejo lado a lado com a garota que não sou eu, devo apenas sorrir alegremente na direção dos dois?”
Camilla deu de cara com Verrat. Olhando diretamente nos olhos da garota, ela não percebeu o suor frio que escorria por seu rosto.
“Quando seu verdadeiro amor escolheu outro, você ainda decidiu sorrir pelo bem deles, é isso? Mas que lindo amor o seu, hein? Eu não posso fazer isso!”
Ela não conseguia mais ver o rosto de Verrat. Tudo o que ela podia ver era a expressão zombeteira de uma das nobres garotas do palácio real. Olhos que zombavam de seu amor que nunca existiu. Embora todas também amassem o príncipe Julian da mesma maneira, todas haviam desistido dele há muito tempo.
Camilla, porém, foi a única que nunca desistiu.
Verrat estava enraizada no local enquanto ela tremia. Ela era apenas uma plebeia, apavorada com a nobre à sua frente, a quem ela não tinha poder para enfrentar. Ela entendeu que, por algum motivo, aquela nobre estava se vingando dela. Bem, na verdade, isso não estava certo. Neste momento, Camilla mal se lembrava de com quem ela estava gritando, ou mesmo onde ela estava. Camilla não pensava, as palavras que saíam de sua boca eram pura emoção.
Ela realmente o amava. E, portanto, Camilla se tornou feia na visão de Verrat.
“Mesmo que eu fosse feia, mesmo que eu fosse feia, eu só queria ser amada!”
– Príncipe Juli… e…
As costas do homem que ela sempre perseguiu flutuavam nos pensamentos de Camilla. Não importa o quanto Camilla ansiasse por ele, ele nunca se viraria para vê-la.
Tudo o que ela conseguia lembrar em sua mente eram as costas dele.
“Eu queria me ver nos olhos dele! Eu queria apoiar Vossa Alteza! Eu queria ficar ao lado dele! Esses eram meus sentimentos… Como eu poderia simplesmente desistir deles como você fez…?!”
“Pare com isso de uma vez!”
Uma grande força separou Camilla de Verrat, sendo que Camilla estava encarando a moça olho no olho. Uma voz estrondosa que abafava até os gritos angustiados de Camilla.
Alois pegou a mão de Camilla. Puxando-a para longe de Verrat, ele tentou trazer Camilla de volta aos seus sentidos.
Ao se virar, ela se viu refletida nos olhar severo de Alois. O rosto de Camilla se contorceu fora de seu próprio controle. Ela estava chorando? Rindo? Ou era uma máscara de pura raiva desenfreada?
“Lorde Alois, eu…!!”
“Vamos sair. Você precisa de um pouco de ar fresco.”
“Mas…!”
“Você não está sendo você mesma nesse exato momento. Então vamos sair.”
Esse tipo de tom brusco era raro em Alois. No entanto, embora Camilla ardesse de paixão, sua mão quente contrastava com o quão fria era a de Alois. Ele levava Camilla pela mão, com o rosto rígido segurando a língua.
“Lorde Alois!”
Ele não estava interessado no que ela tinha a dizer agora. Alois não disse uma palavra em resposta a Camilla, enquanto a arrastava para fora do porão pela mão.
“Lorde… Alois? Era ele?
“Então aquela Senhora era… Não pode ser…”
Por trás, ela podia ouvir o horror crescente nas vozes das duas jovens que realmente não sabiam de nada. Eles apenas perceberam que haviam cometido um ato que poderia trazer consequências muito mais hediondas do que apenas tocar música.
Mas, naquele momento, Camilla não estava com disposição para perceber suas ignorâncias, muito menos para perdoá-las.
Ela estava com raiva de tudo. Sua raiva havia transbordado tanto que ela não achava que havia uma tampa capaz de contê-la mais.
Puxando a porta de ferro no topo da escada, ele a conduziu de volta através da lanchonete deserta e em ruínas até a rua, onde o Sol começava a se pôr no horizonte.
O vento assobiando pelo beco carregava consigo algumas notas errantes do príncipe Julian e do hino de casamento de Liselotte. Nicole correu atrás deles em pânico, mas Alois não parou, deixando-a para trás.
“Lorde Alois! Por favor, deixe-me ir até lá imediatamente! Ainda tenho coisas que preciso dizer!”
“Não vou deixar. Você viu os rostos delas?
Era fácil ver como elas estavam petrificadas. Ambas ficaram confusas com a raiva de Camilla e realmente assustadas com o possível desrespeito e ofensa que haviam causado sem saber.
“Mais uma razão para corrigi-las!”
“É natural que você fique com raiva. Mas elas não queriam te magoar. A culpa é minha, afinal, eu deveria interferir antes.”
“Você está insinuando que só porque elas não tiveram a intenção de fazer mal, eu não deveria dizer nada?!”
Camilla lutou para se livrar das garras de Alois. Mesmo que ele estivesse acima do peso e flácido, ele ainda era forte. Não importava o quão violentamente ela se contorcia e se mexia, ele não se mexeu um centímetro.
“Oh, bem, como elas não tiveram a intenção de fazer mal, suponho que acha que está tudo bem então?! Eu deveria simplesmente ficar sentada em silêncio ouvindo tudo, é isso mesmo?!”
“Não é isso que estou dizendo.”
Alois finalmente parou de andar, embora ainda segurasse a mão de Camilla.
O beco estreito estava coberto por uma fina camada de neve. Não havia ninguém por perto. Atrás deles, só estavam as pegadas de Alois e Camilla marcadas na neve.
Enquanto Camilla ainda lutava desesperadamente para escapar dele, Alois olhou para ela. Seu sorriso calmo de sempre se foi. Mas aquele rosto dele ainda era familiar… Parecia o de Camilla, sempre que ela tentava conter suas paixões.
“É por isso que eu parei você. Não foi apenas para o bem deles, mas para o meu também.”
“O que você está…?”
Diante do olhar forte de Alois, Camilla ficou quieta. Ela não tinha intenção de ser intimidada por ele, mas as palavras simplesmente não saíam. Até mesmo seu braço, que antes ela usava para tentar se livrar das mãos de Alois desesperadamente, perdeu a força.
“Camilla, eu sei que você também não quis fazer nenhum mal. Eu sei que você estava pensando em outra pessoa. Mas mesmo sabendo que estava se sentindo magoada, não dei um passo à frente a tempo de detê-las, então não tenho o direito de criticá-lo.”
Mas mesmo tendo dito isso, Alois ainda exalava pesadamente, com sua respiração fumegando no ar frio. Aquela expressão firme dele parecia estar segurando uma onda de raiva com autocontrole.
No entanto, talvez isso não estivesse certo?
Em vez de raiva, aqueles olhos vermelhos piscando traziam um sentimento de tristeza solitária.
– Se ele fosse o príncipe Julian, ele teria me mostrado uma cara assim?
“Camilla… Eu só não queria mais ter de ouvir aquilo.”
Encarando os olhos de Camilla, a voz de Alois tornou-se suave, quase um sussurro.
“Porque suas palavras também me machucam.”
Suas palavras calmas evaporaram no ar daquela cidade nevada junto com o vapor de sua respiração.
Alois não disse mais nada, enquanto Camilla o encarava em silêncio. Aquele corpo dela que estava envolto em raiva ardente esfriou no vento frio.
– Se ele fosse o príncipe Julian…
O coração de Camilla ainda batia forte quando ela encarou Alois. Mesmo que ambos tivessem o mesmo cabelo prateado e o mesmo par de olhos vermelhos, Alois e o príncipe Julian estavam bastante distantes um do outro em vários aspectos.
– Se ele fosse o príncipe Julian, ele não diria isso. Se ele fosse o príncipe Julian, eu ficaria feliz com seu consolo, mesmo que fosse uma mentira. Se ele fosse o príncipe Julian, não teria se magoado. Se ele fosse o príncipe Julian…
Essa comparação vazia acabou fazendo o coração de Camilla arder mais.
Camilla sabia que a comparação era injusta. Mas naquele silêncio desconfortável entre eles, enquanto Camilla olhava para ele, sua mente revirou todas as diferenças entre Alois e Julian.
Ela ainda podia ouvir aquele hino fraco de algum lugar distante.
Era a música que ela sonhara ouvir um dia, enquanto ela e o príncipe Julian estavam juntos diante de um altar, de mãos dadas.
Créditos
Tradução e Revisão: Sakata