Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 64
O jovem violinista chamava-se Victor.
A flautista chamava-se Finne.
O nome do baterista era Dieter, o oboísta era Otto.
Já a jovem que não tinha instrumento, cantora do grupo, chamava-se Verrat.
Todos os cinco eram nativos de Blume e amigos de infância. Eles nasceram em famílias relativamente abastadas, então tinham algum conhecimento sobre as artes e entretenimento que eram populares na capital real.
E uma coisa levou à outra.
Uma vez que uma mente curiosa ganha conhecimento, só faz sentido querer colocar a teoria em prática. Eles próprios queriam se tornar músicos, por mais que isso fosse um tabu em Mohnton.
Todos os cinco adquiriram instrumentos pelos quais se interessaram, aprendendo juntos por tentativa e erro neste porão sombrio.
Eles não tinham professores nem apresentações para assistir e copiar, então suas apresentações, que dependiam apenas de suas próprias leituras das partituras que haviam adquirido, acabaram se tornando a fonte dos rumores de ruídos terríveis ao longo dos últimos meses.
“Fui eu quem encontrou este lugar. Ele costumava ser um restaurante que meus pais possuíam, mas depois que o negócio faliu, ele foi abandonado por alguns anos, então…”
Ainda curvando a cabeça para baixo quando ele caiu de joelhos, Victor falou. Enquanto Klaus o ouvia, ele olhou para uma das partituras a seus pés.
“Lá está o primeiro instrumento que ganhei, meu primeiro violino. Deixamos na prateleira. As cordas quebraram, então não podemos mais usá-lo. Havia outros instrumentos que eu realmente não entendia, então é por isso que pedi a todos para se juntarem a mim.”
No começo, eles não tinham grandes planos de tocar música de verdade. Eles estavam apenas curiosos sobre esses instrumentos que nunca tinham visto antes, fazendo todos os tipos de sons estranhos.
Mas as coisas mudaram há três meses.
Victor havia pedido em casamento a garota que amava, uma jovem da cidade. Aparentemente, ela era filha de um artesão cujo trabalho sua família valorizava muito. Embora houvesse uma diferença de classe social entre as duas famílias, ele ainda conseguiu obter a permissão de seus pais e tudo o que restava era esperar o dia em que se casariam.
“Todo mundo disse que queria tocar um hino de casamento por minha causa. Afinal, nessa cidade só é permitido cantar hinos no casamento.”
“…Essa é a única vez que um hino é permitido?”
Camilla não pôde deixar de interpor enquanto Victor falava desanimado. Havia algo estranho no que Victor disse.
Estranho… Porque Camilla tinha acabado de ouvir um hino assim acima do solo.
“Os hinos agora podem ser cantados na igreja? Porque, na verdade, eu ouvi um hino alguns momentos atrás.”
“Ahh, esse hino é um pouco diferente… É um hino dedicado ao casamento real. Entre o Príncipe Julian e Lady Liselotte.”
Os ombros de Camilla se enrijeceram quando ela se virou para encarar Alois, que evitou seu olhar. Afinal ela sabia disso. Talvez ele pensasse que estava sendo gentil em seu silêncio, mas ela só podia ver isso como ser paparicada mais uma vez novamente.
Victor não notou Camilla olhando carrancudo para Alois. Sem saber que Camilla era, na verdade, Camilla, continuou como se nada tivesse acontecido.
“Como o casamento deles está acontecendo no ano novo, eles praticam na igreja há algum tempo. Para levantar o ânimo da cidade e abençoar o casal real.”
Embora tenha sido considerada uma bênção, não era uma música animada de forma alguma. Era mais uma oração silenciosa pela prosperidade da família real, bem como pela saúde da cidade e da igreja.
O mesmo poderia ser dito dos casamentos de Mohnton também. Não era para ser nenhum tipo de celebração grandiosa e jubilosa, mas sim focada na cerimônia em si. Com a peça central sendo o casal jurando seus votos em público diante de Deus. Não houve canto ou dança, nem discursos grandiosos ou engraçados, apenas uma ocasião silenciosa para ser desfrutada em família. Essa era a tradição matrimonial de Mohnton.
“Todo mundo quer tocar uma música de casamento por minha causa, mas por um acaso uma das partituras que encontramos é assim.”
“Hum…”
Klaus expressou que entendeu a essência da história enquanto olhava as partituras espalhadas por seus pés, depois exalou um pouco de espanto ao terminar.
“Isso é antigo, mas lembra muito as partituras do professor. Será que tinha um cara como ele naquela época?”
“Isso é possível… Ah, certo, quando a gente fecha a porta lá em cima, focamos mais no som. Normalmente a gente tenta fazer com que fique sempre fechado, mas… Será que quando as pessoas estão saindo por aí o som acaba vazando?”
Victor suspirou, com uma sinal de depressão rastejando em seu discurso.
“Talvez seja melhor desistir depois de tudo. É um incômodo para todos e é perigoso também…”
“É perigoso?”
Klaus perguntou isso a ele. A julgar pelo rosto ainda pálido de Victor, aquele perigo não parecia se limitar apenas à queima de seus instrumentos e partituras.
“…Senhor Klaus, você está longe de Blume há algum tempo, então faz sentido que você não tenha ouvido falar sobre o que está acontecendo na cidade recentemente.”
Quando Victor levantou a cabeça, era como se estivesse procurando por alguém. Ele olhou para os rostos de Klaus, Alois, Camilla e Nicole um de cada vez, depois se certificou de que não havia mais ninguém escondido. Ele até parecia hesitante em falar.
“Você não precisa nos dizer se está com tanto medo, sabia? Quero dizer, deve ser algo sério, se você está vindo até aqui para brincar em um porão…”
“…Certo. Você está certo sobre isso.”
Victor assentiu timidamente enquanto Klaus tentava tranquilizá-lo, mas, embora o medo ainda não tivesse desaparecido de sua voz, ele falou.
“Recentemente… uma milícia vigilante se estabeleceu na cidade. Originalmente, havia um grupo de vigilantes estabelecido pelos jovens da cidade, mas esse grupo é algo completamente diferente. Ninguém dirá, mas é um segredo aberto que eles estão sendo liderados pela família Lörrich.”
“Hum…”
“Eles são muito mais severos do que o grupo anterior. A censura não é só com a música e a dança, por exemplo. Se você for pego criticando a maneira como a família Lörrich está fazendo as coisas ou mesmo se nós o elogiarmos abertamente, senhor Klaus, eles vão arrastá-lo para fora das ruas.”
Sua voz calma ecoou pelo porão outrora silencioso. Cercados por aquelas frias paredes de pedra, Alois e Klaus cruzaram os braços quase na mesma hora. Isso deve estar dando a ambos muito assunto para pensar.
“Isso não acontece com tanta frequência, mas já vi… Às vezes, quando as pessoas são pegas, levam uma surra na hora. Normalmente, eles fazem isso em público, como na praça. Eles dão uma desculpa sobre ‘resistirem’, mas na verdade eu acho que é apenas um exemplo para as pessoas.”
As mãos de Victor se fecharam em punhos sobre os joelhos, ainda sentado no chão. Apesar de seu medo, havia também uma sensação crescente de raiva e repulsa por trás da expressão do jovem.
“Se formos descobertos, certamente seremos presos também. Não só nós também, a família da Mia… A família da minha noiva estará em apuros, assim como a minha. Já que tudo começou por minha causa e nos esforçamos tanto, quero continuar, mas…”
Mas…
A voz de Victor sumiu antes que ele pudesse continuar. Seu rosto pálido de alguma forma parecia ainda mais sem cor. Seus quatro amigos também eram iguais. Seus olhos medrosos olhavam para as escadas que conduziam acima do solo como um só.
E do alto da escada ouviu-se um rangido. A porta do porão que havia sido deixada aberta fechou com estrondo.
E então houve o som de passos na escada.
Créditos
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi