Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 46
A verdadeira escala do desastre era difícil de assimilar.
Quase metade de Einst foi praticamente reduzida a escombros.
A maioria das casas na metade sul da cidade, incluindo muitas na rua principal, desabaram umas sobre as outras.
Embora os danos na parte norte da cidade fossem relativamente pequenos, os moradores de lá também não podiam ficar tranquilos. Não havia garantia de que não haveria um tremor secundário ou outra reação mágica em grande escala no subsolo novamente.
As vítimas do desastre, que agora estavam desabrigadas, construíram abrigos temporários na periferia da cidade.
Nesse meio-tempo, os mágicos habilidosos da cidade estavam realizando avaliações e investigações completas dos canais de pedras de mana que correm sob a cidade. O processo de reconstrução da cidade só poderia começar se eles julgassem que era seguro fazer isso.
“Desculpe, vou ficar ocupado com a avaliação por algum tempo”, Alois disse a Camilla, desculpando-se, mas ela não o culpou.
Ao lado de Alois, Camilla também ficará em Einst por enquanto. Mesmo não tendo muitas habilidades à sua disposição, ela estava confiante de que poderia pelo menos ajudar a cozinhar para as pessoas que perderam suas casas.
Além do mais, ela queria se juntar à busca pelas pessoas que ainda estavam desaparecidas. E para aqueles que perderam a vida, ela oferecia suas orações.
No entanto, deixando tudo isso de lado…
Camilla também sofreu com esse desastre à sua maneira.
“…Que coceira!”
Abraçando seu corpo, Camilla sentiu-se tonta de agonia.
Ela agora estava pagando o preço pela maneira como sobreviveu ao desastre total do dia anterior.
Depois de rastejar não apenas pelo denso miasma no ar por horas naqueles túneis subterrâneos, além de ser encharcada com miasma liquefeito, não havia como ela sair completamente ilesa.
Apesar da última noite de sono que ter ajudado extensivamente a restaurar sua mente e corpo exaustos, a coceira começou no momento em que ela acordou. Ela sentiu irritações por toda a pele. Sem mencionar as erupções cutâneas que surgiram em seus braços, pescoço e clavícula.
Por mais que ela tentasse esconder com maquiagem, não adiantava. O creme favorito de Camilla de alguma forma só aumentava a coceira que ela sentia ao aplicá-lo. Ela tentou limpar as manchas do miasma do corpo com um banho, mas as irritações insuportáveis não diminuíram. Na verdade, esfregá-lo com o pano de limpeza só aumentou sua agonia. A sensação de vestir roupas em sua pele era como um inferno.
Mas como ela havia repreendido Nicole recentemente por fazer isso antes, o orgulho de Camilla não a deixava coçar a pele. Rangendo os dentes de frustração, Camilla andava de um lado para o outro, inquieta.
Camilla estava hospedada em uma casa na periferia da cidade. Era uma das construções que conseguiram sobreviver ao desastre.
As casas mais afastadas da cidade e mais próximas da floresta sofreram menos estragos. Como o terreno ao redor foi considerado relativamente seguro depois disso, muitos abrigos temporários foram construídos nos arredores.
Enquanto muitas pessoas viviam em tendas, ela recebeu uma hospitalidade excepcional do povo de Einst e passo a ficar naquela casa depois que a mansão Montchat, localizada na cidade, ficou quase abandonada.
Mas, coisas assim não importavam para ela agora. Se isso não tivesse nada a ver com a coceira, ela não se importaria de acampar na floresta ou dormir ao relento sob as estrelas.
“Q-Que coceira… Que coceira… Ugugugu…”
Ela se esforçou bastante para suprimir um grito enquanto gemia, com seu corpo atormentado por aquela coceira que ela se recusava a coçar. Nicole, que ainda dormia profundamente em sua cama, devia estar feliz consigo mesma. No momento em que ela acordou, ela com certeza sofreria ainda mais do que Camilla.
“Ah, caramba! Já basta! Essa maldita coceira! Isso machuca muito! E a minha pele!?”
Vendo a erupção horrivelmente vermelha em seu braço, Camilla cuspiu com raiva para ninguém em particular ouvir.
Até agora, como ela morava na capital do território que ficava longe dos verdadeiros centros de mineração de Mohnton, ela havia subestimado o que o miasma poderia fazer. Até mesmo Camilla, uma pessoa com quase nenhum poder mágico, estava em um estado como este. A pele de Alois, enquanto isso, ficou ainda mais parecida com a de um sapo do que nunca. O tipo de sofrimento pelo qual ele deve estar passando provavelmente fez a provação de Camilla parecer um pequeno problema.
– Ele vai ficar bem?
Mas assim que aquele lampejo de preocupação com Alois passou por sua mente, uma nova onda de sensações de coceira apagou tudo. No momento, Camilla não tinha tempo para se preocupar com mais ninguém.
“QUANTA COCEIRAAAAA!”
Gritando sem rumo, Camilla de repente ouviu uma batida na porta de seu quarto.
E agora?
“Vejo que você está passando por um momento ruim, certo?”
Os dois criados que haviam passado por aquela provação subterrânea com ela fizeram caretas enquanto paravam na porta. Seus nomes eram Theo e Leon. Theo era mais alto, enquanto Leon tinha uma pinta sob o olho. Camilla se lembrava deles, pois havia guardado seus rostos na memória com a intenção de denunciá-los a Alois depois que eles a impediram de sair antes que tudo acontecesse.
“Será que deveríamos passar por aqui mais tarde?”
“Está tudo bem, falar vai manter minha mente longe disso. Com isso dito, agradeço que entenda que não estou exatamente no melhor dos humores.”
Mesmo que ela dissesse isso, Camilla continuou andando pelo quarto em silêncio. Quando estava sentada antes, ela sentiu como se estivesse perdendo a cabeça. Mesmo que suas roupas roçassem ainda mais quando ela caminhava, ela preferia poder mover seu corpo.
“Vocês dois parecem estar bem? Que ódio.”
Camilla olhou com raiva para aqueles dois homens que ela considerava culpados.
Mesmo que Camilla tivesse sido reduzida a esse estado, os dois homens pareciam totalmente imaculados. Eles não se mexeram nem uma vez para coçar e não tinham sinais de pele irritada. Suas peles lisas pareciam máscaras de porcelana, iguais ao que ela viu antes. Eles passaram todo aquele tempo juntos no subsolo, não passaram? Então, o que estava acontecendo?
Ela se lembrou das perguntas que tinha em Grenze, que também era uma cidade focada em operações de mineração infestadas de miasma. Ao contrário de todos os rumores que ouvira na capital, a condição de Alois era a exceção à norma, já que a maioria das pessoas não tinha a pele tão áspera e irritada. Os problemas de pele de Alois foram exacerbados como um caso raro, por causa de seus altos níveis de poder mágico.
“Então, vocês dois não sentem coceira ou irritação? Isso não é nada justo.”
Theo sorriu ironicamente quando Camilla descarregou sua raiva sobre eles de forma irracional. Aquela expressão dele contrastava fortemente com a máscara que usava quando se conheceram. Aqueles olhos opacos agora pareciam quentes, seu rosto se iluminou amigavelmente.
“Nós dois crescemos aqui, então nos acostumamos com o miasma depois de um tempo. As pessoas nascidas aqui geralmente desenvolvem uma tolerância a isso. A maioria das pessoas na cidade provavelmente não percebe nenhuma coceira, honestamente.”
Hum? Camilla conseguiu controlar seu mau humor enquanto se virava e caminhava para o outro lado.
Certamente, esta cidade era sinônimo de mineração de pedras de mana. Vivendo tão perto das veias de pedras de mana, eles devem encontrar quantidades densas de miasma regularmente. Apenas a pele de Camilla, nutrida na capital confortável e sem miasma, seria afetada de forma tão dramática.
“Mas, mesmo assim, ainda pode ficar difícil às vezes. É por isso que Irma… Ei, para onde a Irma foi?”
“…Ela estava aqui pouco tempo atrás.”
Os dois homens pareciam confusos enquanto olhavam em volta. Havia apenas aqueles dois homens parados na sala. Camilla não tinha visto Irma entrar. Theo saiu da sala como se estivesse em pânico e voltou depois de alguns minutos.
Quando Theo voltou, ele trouxe de volta Irma, que estava com uma aparência infeliz. Aqueles olhos fortes dela pareciam estrondosos enquanto ela franzia a testa e mostrava sua boca curvada emburrada. Ela praticamente se escondeu atrás de Theo enquanto olhava fixamente para Camilla.
Como se tentasse acalmar Camilla, que olhou de volta para a garota instintivamente, Theo falou.
“Ei, Irma, por que você está tão tímida? Foi você quem me pediu para ir com você.
“Não estou tímida!”
Olhando para Theo, Irma deu um passo à frente como se tivesse se decidido. Aproximou-se de Camilla e se posicionou diante dela, olhando-a nos olhos. Ela queria ter outra chance?
Essa troca tensa de olhares durou apenas um momento, no entanto. Irma, ainda parecendo infeliz, tirou da manga uma garrafa de vidro com alguma coisa.
Então, ela o empurrou para Camilla.
“…Esta é uma pomada que é usada por aqui. É boa para acalmar a pele irritada pelo miasma. Deve parar aquela sensação de coceira e acalmar todos os surtos e erupções cutâneas. Os estrangeiros não se dão bem com o miasma, então, se você não usar isso, estará em apuros.”
“Huh?” – A voz de Camilla vazou quando ela pegou a garrafa em sua mão.
Ela estava pronta para outra briga, então isso foi bastante anticlimático. Em vez disso, tudo o que ela pôde fazer foi piscar de surpresa.
“Nós três viemos aqui para agradecer.”
Puxando a ainda mal-humorada Irma para o lado, Theo disse isso.
“Foi graças a vocês que conseguimos sobreviver e escapar da clandestinidade, sem contar que salvamos a vida de Frida. Mesmo que você pense em nós como estranhos de coração frio, juro que faremos o possível para pagar a dívida que devemos a você.”
Ao dizer isso com grande orgulho, Theo virou-se para olhar para Leon e Irma. Encontrando seu olhar, desta vez Leon falou.
“Frida é minha irmã mais nova. Se não fosse por você, ela não estaria viva agora. Eu nunca vou esquecer o que você fez.”
Leon estava muito sério quando olhou para Camilla. Aquela mancha de beleza sob o olho dele realmente a lembrava de Frida.
“Nem todos nesta cidade pensam da mesma maneira. Provavelmente ainda existem algumas pessoas que não confiam em você. Mas se houver algo que possamos fazer para ajudá-la no futuro, tenho certeza de que esta cidade definitivamente vai se unir para apoiá-la com todas as forças.”
Ao parar de falar, Leon, por sua vez, olhou para Irma. Sentindo-se pressionada pelos olhares gêmeos de Leon e Theo, ela finalmente desistiu.
Fechando os olhos, ela levantou a cabeça e deu um passo na direção de Camilla.
“…Naquela época, a única razão pela qual saímos foi porque você ficou para trás. Obrigado por ajudar Frida.”
Dizendo isso, ela curvou-se profundamente diante de Camilla.
Camilla, segurando a garrafa na mão, respirou fundo.
“Se…”
Os três levantaram a cabeça com um olhar assustado quando Camilla cuspiu aquela palavra. Mesmo com apenas uma sílaba, era óbvio para eles que ela havia dito isso com uma raiva trêmula.
Claro, Camilla não tinha se acalmado. Ela já tinha chegado ao seu limite.
“Se vocês tinham uma pomada dessas, por que não disseram antes?!”
Quando Camilla agarrou a garrafa com o punho trêmulo, o olhar em seu rosto era de angústia absoluta.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi