Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 45
O Sol estava no seu ápice.
O miasma denso havia se dissipado e o céu estava inundado com um brilhante tom de azul.
Um vento frio, mas agradável, soprou. Nuvens finas se arrastaram no alto. E a terra estava banhada de luz.
Depois que Camilla rastejou para fora do túnel e entrou na praça da cidade, ela sentiu suas pernas cederem enquanto se sentava, exausta.
Espalhados à sua frente estavam a cidade destruída e as ruas arruinadas de Einst. Mais da metade das casas que ela viu desmoronaram e aquelas ruas pavimentadas outrora ordenadas estavam repletas de rachaduras. Em alguns lugares, tudo estava destruído. Embora não estivesse ondulando com nenhum vigor real, o miasma ainda flutuava das fendas na terra.
Muitas pessoas estavam na praça e naquelas ruas, vasculhando os escombros em uma busca desesperada por sobreviventes presos. Gritos agitados e grupos de pessoas correndo de um lado para o outro encheram a praça de barulho. As pessoas que escaparam do subsolo junto com ela ainda estavam na praça também. Quando viram Camilla emergir como a última pessoa a escapar daquele inferno subterrâneo, todos gritaram e aplaudiram.
– Camila, você está bem?
Alois correu até Camilla quando ela se sentou, tentando recuperar o fôlego. Ele já havia levado Frida, que estava ferida, a um médico no local. Camilla podia ver Frida deitada um pouco distante, cercada por pessoas.
“Eu… Eu estou bem.”
Ao dizer isso, ela tentou se levantar com as mãos, mas não conseguia mais encontrar força em seus músculos. Camilla só pôde rir roucamente enquanto Alois olhava ansioso.
“É… É uma coisa patética de admitir, mas acho que minha cintura cedeu com o alívio.”
“Não há nada de patético em você.”
Alois estendeu a mão para Camilla, que não suportava o próprio peso, com um sorriso caloroso no rosto.
“Hoje você realmente mostrou o quanto é incrível e corajosa.”
Enquanto ele a elogiava tão diretamente assim, Camilla não sabia o que dizer. Ela se sentiu estranha, para não dizer que estava envergonhada. Mesmo assim, ela se sentiu um pouco feliz com o elogio. Mas para seu desgosto, ainda era possível sentir esses sentimentos se misturando com sua esmagadora sensação de alívio e algo começou a brotar atrás de seus olhos.
Camilla rapidamente olhou para baixo, piscando furiosamente aquele brilho nos olhos.
“O que há de errado, Camila?” – Alois perguntou sem noção, apenas deixando-a ainda mais frustrada por algum motivo.
“Nada. Eu só senti um pouco de fadiga, isso é tudo.”
Camilla disse isso, estendendo a mão para agarrar a mão de Alois que ele ainda estava estendida para ela.
Erguendo a cabeça, ela olhou para o próprio rosto marcado de varíola e com aparência de sapo de Alois. Por causa do forte miasma, a condição da pele dele piorou, com sua pele inchada forçando suas pálpebras a ficarem estreitas, quase escondendo seus olhos vermelhos.
– É tão frustrante.
Era frustrante, mas ela tinha pouca escolha a não ser aceitar por enquanto.
Quando os terremotos começaram, ela seguiu suas palavras quando tentou fazer com que as pessoas na rua principal fossem evacuadas para a floresta.
Quando eles foram pegos no subsolo, ela decidiu que Nicole perseguisse o poder mágico de Alois sem qualquer hesitação.
E quando viu Alois em seu pior momento, quase se sentiu aliviada.
Antes que ela percebesse, Camilla passou a confiar em Alois.
– …Mas ele ainda não passa de um homem-sapo! É muito cedo para sequer pensar em poder me beijar!
Quando Alois colocou Camilla de pé, ela tentou afugentar esses pensamentos em seu coração. Alois ainda estava longe de ser o tipo de homem para os gostos de Camilla. Ela queria um homem que fosse bonito, esbelto, mas musculoso – e também alguém em quem pudesse confiar. Alois ainda estava longe de ser bonito aos olhos dela; além do mais, ele não dava a mínima para arrumar o cabelo ou escolher roupas. Seus braços e peito não eram musculosos, apenas soltos por causa da flacidez inútil.
Mas enquanto ela estava na frente dele, Camilla notou algo estranho.
Aqueles ombros largos arredondando seu corpo alto. Ele ainda era muito maior do que o homem médio. Mas, por alguma razão, ela podia ver um pouco mais da paisagem atrás de Alois do que antes. Era como se o céu azul que se estendia atrás dele estivesse mais visível do que o normal.
“…Lorde Alois, por acaso, você realmente perdeu um pouco de peso?”
Camilla piscou surpresa ao dizer isso, enquanto Alois parecia igualmente confuso. Ele olhou para Camilla com uma expressão confusa em silêncio por um tempo, então suspirou – em parte por exasperação, em parte por alívio.
“Você realmente acabou de notar?”
Esse comentário também foi muito frustrante para ela.
Depois que Camilla se levantou, alguém se aproximou dela, mancando.
Quando Camilla olhou para ver quem era, se deparou com Martha, que estava em situação bastante delicada quando saiu do subsolo da mesma maneira que Camilla.
Ela era uma das pessoas mais influentes da cidade, então fazia sentido que fosse tão bem cuidada. Cercada por moradores preocupados, ela recebeu água e o suor e a sujeira foram lavados. Depois de recuperar o fôlego, ela deveria ser transferida para um lugar mais seguro.
Mas afastando seus ajudantes, Martha se aproximou de Camilla por conta própria, balançando a bengala enquanto fazia isso.
Parando bem na frente dela, ela olhou para o rosto de Camilla.
“…O que foi?”
Confrontada com aquele olhar forte, Camilla gritou enquanto olhava de volta. Camilla estava pronta para discutir novamente se a velha ainda tivesse alguma reclamação.
Mas Martha apenas a encarou. Depois de olhar fixamente em seus olhos por um tempo, a velha caiu no chão como se estivesse completamente sem energia. Camilla deu um passo para trás, assustada, enquanto jogava a bengala para o lado e caía de joelhos.
“O-O que é-?!”
“… Senhorita Camilla.”
“Hã?”
Enquanto Martha falava com a voz rouca, Camilla só pôde responder com abjeta surpresa. Camilla definitivamente não a tinha ouvido mal. Ela ouviu essas palavras claramente.
“Hoje eu aprendi quem você é de verdade.”
A voz de Martha tremeu enquanto ela continuava a olhar para baixo. As pessoas próximas observaram Martha em estado de choque. Os olhos de todos na praça se voltaram para a cena e para Camilla, que estava no centro do cenário.
“Você não salvou somente a mim, mas também muitas outras pessoas desta cidade. Não há razão para esta cidade virar as costas para você.”
Essas não eram as palavras indiferentes de sempre que saíram dos lábios de Martha. Era como se sentimentos reprimidos por muito tempo estivessem finalmente chegando à superfície com um suspiro profundo. Ela não sabia dizer se a velha falava com tristeza ou alegria, mas obviamente falava de forma passional.
“Por favor, perdoe nosso horrível desrespeito até agora. Por seus feitos, você é inconfundivelmente nossa salvadora.”
Entre as pessoas que assistiram estavam várias pessoas que viajaram pelo túnel com Camilla. Lá estavam Irma, os criados e até algumas mulheres da cidade com seus filhos. Chorando. Risonho. Vivendo. Alegria. Outros perderam um ente querido e estavam profundamente tristes.
Naquela cidade em ruínas, agora à luz do dia, ela finalmente viu a emoção crua brilhar nos rostos das pessoas que ela uma vez viu como máscaras.
Esta cidade era severa e rigorosa, valorizando acima de tudo a modéstia e a uniformidade.
Mas mesmo assim, essas pessoas ainda tinham sentimentos. Eles tinham uma enorme quantidade de orgulho e sentimentos passionais para arrancar.
Camilla respirou fundo. Por um momento, ela não conseguiu encontrar as palavras para dizer.
É claro que nem todos que olhavam para Camilla tinham os olhos iluminados de admiração, mas cada pessoa ali agora a reconhecia de alguma forma.
A luz do sol naquele céu imaculado banhava a praça da cidade com um brilho quente. Enquanto o vento soprava pelas ruas, as mãos de Camilla se moviam para os quadris.
Respirando fundo mais uma vez, Camilla estufou o peito e sorriu orgulhosamente enquanto gritava, sua voz soando pela multidão como um sino.
“Sendo assim, vocês estão perdoados. Desde que eu trouxe vocês de volta para casa vivos, a coisa certa a se fazer é me cobrir com sua maior gratidão!!”
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi