Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 42
“Você quer que a gente saia daqui?!”
A empregada ergueu a voz trêmula.
“E para onde nós vamos exatamente?! Como espera que nos movimentemos sendo que temos e idosos por aqui?!”
“O lugar para onde vamos não importa. Temos que fugir daqui porque o lugar não é seguro. Aliás, eu definitivamente me lembro de ter dito algo assim a você antes!”
O tremor era quase constante agora. Cada vez que outra explosão ecoava longe, Nicole estremecia. Aquele ronco baixo gradualmente se transformou em um gemido mais agudo. As paredes ao redor deles rangeram como se algo estivesse pressionando com força contra eles do outro lado.
“Não é como se pudéssemos ter certeza de que qualquer outro lugar também será seguro!”
Mas, mesmo assim, o povo não confiava em Camilla. Sair desta caverna significava ter que entrar em um desses túneis. Mesmo que seus olhos tivessem se acostumado à escuridão, o pensamento de se espremer por aquelas fendas estreitas era demais para suportar. Havia velhos, sem falar das crianças. Algumas pessoas ainda estavam com lesões pelo corpo. Seria um caminho excepcionalmente, especialmente para os feridos.
Antes de mais nada, a situação era exatamente como aquela empregada disse. Não havia garantia de que eles sobreviveriam se entrassem em um desses túneis. Nem ela poderia garantir que todos seriam capazes de retornar à caverna se fizessem a escolha errada. O túnel escolhido poderia levar a um beco sem saída. Ou, antes que escapassem, eles poderiam ser atingidos por uma explosão de magia.
Nesse caso, seria melhor ficar em um lugar como este, onde pelo menos eles pudessem se sentir seguros. Sua linha de pensamento fazia sentido.
“Concordo, seria melhor ficarmos aqui.”
Um dos criados concordou com a empregada.
“Foi aqui que caímos pela primeira vez. Portanto, deve haver uma conexão com a parte da superfície que entrou em colapso. Se nos movimentarmos sem pensar, isso pode frustrar os esforços das pessoas que estão tentando nos resgatar.”
As palavras do servo foram sóbrias e persuasivas. Além do mais, ele era um dos poucos homens entre eles. As pessoas se viram inclinadas a confiar nele inconscientemente.
“Para os mineiros, é uma regra importante nunca sair do lugar onde você estava preso logo no início. Mesmo que não haja pedras de mana para quebrar, isso não significa que não há como alguém com poder mágico encontrá-lo lá na superfície. Se houver uma caverna ou um colapso por causa de uma explosão de uma pedra de mana, um usuário de magia pode seguir as pistas para encontrá-lo. Esperando onde você está, a ajuda certamente virá. É assim que sempre fizemos as coisas.”
‘Isso mesmo’, ela ouviu as pessoas sussurrando ao seu redor. Camilla gritou para abafar aqueles sons.
“Não faz sentido esperar aqui apenas para sermos enterrados vivos!!”
As paredes tremeram, sacudindo detritos soltos. As pedras caindo caíram nas poças de miasma com altos respingos. O miasma estava ficando mais espesso no ar, a ponto de Camilla não saber mais a diferença entre ele e a escuridão normal. De pé ao lado dela, Nicole tremeu, estando de olhos fechados.
“A própria pessoa possuidora de poderes mágicos disse que era perigoso ficar aqui! Se ficarmos apenas esperando a ajuda chegar, todos os nossos socorristas vão acabar encontrando nossos cadáveres!”
“Como você pode dizer coisas assim na frente das crianças?!”
Com um grito raivoso, um som ecoou pela escuridão. A empregada deu um tapa forte na bochecha de Camilla. Ao sentir a dor quente se espalhando por seu rosto, Camilla ouviu uma criança chorando ao mesmo tempo. Uma das mulheres da cidade tentou acalmá-los com um abraço. Aqueles gemidos reverberantes só pareciam aumentar o cansaço de todos ali.
Ainda assim, Camilla não conseguiu ficar calada. Ela ainda podia ouvir as explosões. As paredes estavam rangendo com uma violência ainda maior do que antes. Não tinha como as pessoas não perceberem que o estrondo estava cada vez mais próximo.
“Se ficarmos aqui assim, essa criança também não vai poder chorar mais!”
“E se seguirmos você, será a mesma coisa! Se você quer ir, então vá sozinha!”
O chão tremeu quando a empregada gritou. Mesmo na escuridão, era óbvio o quão assustada ela estava com sua expressão. Um som de batida em algum lugar próximo encerrou a discussão, quando algo pesado desabou em um dos túneis.
Quando o som desapareceu, houve um silêncio momentâneo. Até o choro da criança havia desaparecido. A única coisa que podiam ouvir era a respiração um do outro. De alguma forma, isso ajudou a esfriar a cabeça de todos.
Camilla respirou fundo e soltou o ar em silêncio.
“Eu não quero morrer em um lugar como este.”
“…Isso é óbvio. Particularmente falando, eu não quero morrer junto com você.”
“Concordo completamente. É por isso que seria melhor sairmos daqui.”
“Mesmo que as pessoas te sigam, alguém pode morrer. O que vai fazer se alguém morrer?”
Ela encontrou o olhar daquela empregada de olhos afiados. Então, essa era a verdade. Todos sabiam que aquele lugar era perigoso. Mas eles ainda hesitaram, porque avançar também não garantia nenhuma segurança.
Aquela ideia era mesmo boa? E se a estrada à frente for ainda mais perigosa? Podemos realmente acreditar nela e segui-la?
No momento, Camilla não tinha como fazer com que confiassem nela. Ela não podia nem garantir que eles sobreviveriam. Eles não queriam se arrepender da escolha de segui-la até a morte.
“Se você morrer, eu vou guardar rancor.”
Então ela simplesmente teria que aceitar esses arrependimentos sozinha.
“Não posso garantir que todos aqui voltarão vivos. Se alguém morrer, no entanto, eu assumo a responsabilidade. Eu também não me importo se você me odeia por causa disso. Se tiver alguma reclamação, sinta-se à vontade para desabafar na minha frente à medida que avançarmos!”
Camilla disse isso enquanto olhava para as pessoas no escuro. As empregadas, os criados, as pessoas da cidade e até Martha. Todos olharam para Camilla também.
“Vou assumir a responsabilidade por tudo! Em troca, se conseguirmos voltar, certifiquem-se de apreciar o que fiz!”
Claro, ela iria querer fazer disso um grande show. Era como fazer com que todos se curvassem diante de Camilla e pedissem desculpas por terem sido grosseiros com ela.
Enquanto as palavras de Camilla ecoavam pelas paredes da caverna, as pessoas se entreolhavam. Eles não disseram uma palavra sequer. Ficaram simplesmente olhando em silêncio enquanto outro estrondo ecoava de uma explosão próxima.
Uma vez que o tremor cessou, a empregada que discutiu com ela o tempo todo finalmente cedeu.
“… Eu ainda acho que você é um tola.”
“O que você disse?”
– Ela ainda quer brigar?
Camilla rosnou para ela, mas a empregada não pareceu se importar. Olhando para o chão, ela falou pensativa.
“Se você queria viver, deveria ter escapado sozinha antes. Dessa forma, você não teria que assumir a responsabilidade pela vida de ninguém ou correr o risco de ter arrependimentos… Mas bem, você também não parece o tipo de pessoa que morreria tão facilmente.”
A empregada massageou suas têmporas. Parecia que ela estava sem palavras enquanto suspirava.
“… Se eu morrer, vou assombrá-la para sempre.”
Enquanto a empregada olhava para ela, Camilla sorriu.
– Muito bem, eu aceito esse risco.
Com Nicole os conduzindo, Camilla e o resto das pessoas entraram em um dos túneis com a menor quantidade de miasma fluindo por ele.
Os idosos e os feridos eram sustentados pelos servos, enquanto as mulheres da cidade conduziam as crianças pela mão. Camilla foi a última a entrar no túnel e, ao fazer isso, ouviu a maior explosão até então.
Virando-se para olhar, ela viu uma luz brilhante do outro lado da caverna.
Levou um momento para ela perceber que era pura energia mágica.
Olhando para trás, ela percebeu que as poças de miasma devem ter amplificado a explosão. O miasma denso e a magia no ar causaram uma reação em cadeia, levando àquela luz branca deslumbrante. Então, ele se espalhou entre as piscinas de miasma, uma após a outra. Toda vez que uma poça se incendiava, a luz branca brilhava tão forte que era como se aquela caverna negra fosse exposta à luz do sol.
A escuridão entre esses flashes mostrava que o miasma havia se tornado ainda mais denso.
“…Hora de ir.”
Afastando-se da visão, Camilla seguiu o resto das pessoas que avançavam pelo túnel.
Eles continuaram naquela escuridão por um tempo. Para garantir que ninguém fosse separado ou deixado para trás, as pessoas constantemente chamavam umas pelas outras.
Naturalmente, o túnel não era como um trajeto bem cuidado. A superfície estava escorregadia de lama e instável para caminhar. Muitas vezes eles tinham que se curvar ou até mesmo agachar por causa do teto muito baixo da caverna e muitas vezes eles tinham que se espremer por fendas estreitas.
À medida que todos ficavam cada vez mais nervosos, Nicole finalmente soltou uma voz.
“…Ah.”
De repente, parando, Nicole olhou para cima. Eles seguiram seu olhar, mas não havia nada lá. Pelo menos, nada que eles pudessem ver.
“Senhorita Camilla, acima de nós.”
Mesmo que ela a chamasse, Camilla não tinha ideia do que Nicole estava apontando. Mas ela sentiu um pouco de alívio ao ouvir a voz de Nicole, já que ela simplesmente estava tremendo em silêncio até agora.
“Alguém está… Provavelmente… É um palpite, mas acho que há vestígios da magia do Lorde Alois. É como se ele estivesse tentando nos mostrar a saída.”
Nicole apontou para a parte mais profunda do túnel, com sua mão pairando um pouco para cima e para a direita.
Se vocês forem por esse caminho, encontrarão sua saída.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi