Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 28
Por enquanto Camilla decidiu fazer de Nicole sua empregada pessoal.
Enquanto isso, todas as empregadas que instruíram Nicole a magoar Camilla daquela maneira foram demitidas por Alois.
Uma dessas empregadas era uma filha legítima da família Ende, então complicações com a Casa Ende poderiam surgir no futuro. Devido a essa possibilidade, a mansão ficou envolta em uma atmosfera um tanto tensa.
Até agora, nenhuma garota de uma casa nobre havia sido demitida de sua posição. Como Alois costumava ser bastante indulgente, não dispensava um criado mesmo que cometesse vários erros. Além disso, não parecia que aquelas empregadas tivessem sido demitidas por não cumprirem seus deveres tradicionais.
Então por que elas foram expulsas da mansão?
Claro, todos os servos tinham suas próprias ideias. ‘Camilla é quem está puxando as cordas por trás disso’, ‘Alois foi pego na armadilha de Camilla’ e ‘Ela realmente é tão má quanto os rumores dizem’… Esses tipos de rumores estavam começando a circular.
Ao contrário do que parecia, os dias passavam relativamente tranquilos.
Quanto ao problema com a família Ende, Camilla não tinha condições de fazer nada. Claro que ela não estava confortável com os rumores falsos a respeito dela, mas isso não era novidade.
Para Camilla, só havia uma preocupação séria em sua mente.
A dieta de Alois foi reduzida para seis refeições por dia: café da manhã, chá da manhã, almoço, chá da tarde e jantar. E, claro, seu lanche da meia-noite.
Finalmente ela reduziu para o dobro da quantidade normal de refeições.
Apesar de satisfeita com o progresso, ela ainda não conseguia ver nenhuma mudança real em sua aparência física.
Já se passaram quase três meses desde que Camilla chegou a Montchat.
Dois meses antes, Alois lhe disse com seriedade que perderia peso. Cortar duas refeições de sua dieta em dois meses parecia um bom começo. Embora ele tenha sofrido uma breve recaída em sua dieta regular por causa de um incidente, ela conseguiu colocá-lo de volta nos trilhos. Na verdade, ela já estava pensando em reduzir as refeições dele mais uma vez.
Se ela conseguisse tal façanha, Alois estaria comendo apenas cinco refeições. No mês seguinte, quatro refeições. Assim ela finalmente poderia fazê-lo se alimentar pela quantidade padrão de refeições.
Mesmo assim ele ainda come demais para uma refeição. A comida é empilhada e coberta de quantidades exorbitantes de gordura, açúcar e temperos. Ele não parecia se importar com exercícios, passando seu tempo trabalhando ou lendo em seu escritório.
Encarando a situação com sinceridade, o sapo estava tão grande como sempre. Os criados cochicharam entre si que Alois havia emagrecido, mas Camilla não percebeu a diferença.
– Devo passar para a próxima fase em breve.
A julgar pelo quão pouco seu corpo parecia ter mudado para ela, ele definitivamente se derreteria em uma poça de suor e gordura se começasse a se exercitar agora.
Assim, seu próximo objetivo era mudar o conteúdo de suas refeições.
“Hmm…” – Enquanto Camilla estava de braços cruzados em seu quarto, um sorriso surgiu em seu rosto.
Um sorriso nefasto, maligno.
A cozinha da mansão Montchat estava localizada no porão.
As escadas que descem são acessadas diretamente de uma área onde a comida é colocada em bandejas com guardanapos, condimentos e utensílios. Depois de passar por um conjunto de portas duplas era possível achar a sala de jantar, onde moradores e convidados faziam suas refeições.
A sala onde os criados faziam suas refeições também ficava no porão, ao lado da cozinha. Eles só comeriam depois que o Mestre terminasse sua própria refeição. Também era costume os servos mais novos comerem depois dos servos veteranos.
Vale lembrar que essa não era uma regra rigorosamente respeitada. Por causa dos diferentes horários de trabalho, era impossível todos comerem ao mesmo tempo. Alois também não era tão rigoroso como Mestre quando se tratava de coisas assim. Os servos veteranos tentariam manter a velha tradição, mas os novatos muitas vezes se atrasavam para esse horário habitual de refeição.
A cozinha ficava além daquela sala. Alguns dos criados ainda estavam terminando o café da manhã enquanto as empregadas da cozinha tinham acabado de terminar seu trabalho. Os cozinheiros também estavam livres até a próxima refeição, então o lugar parecia deserto.
Naquela sala vazia, ouvia-se o som de uma panela fervente sendo agitada.
Sobre uma grande fornalha que ocupava um canto inteiro da sala, uma panela cheia de restos de ossos estava sendo assada. Ainda fervia e borbulhava, embora o calor tivesse sido reduzido. No centro da sala havia dois bancos compridos. Só tinha um único homem na sala, de pé, no banco perto da panela. Ele cruzou os braços enquanto olhava para a panela como se estivesse paralisado, aparentemente sem perceber que havia uma pessoa intrusa na cozinha.
Ele parecia estar sozinho e aquele homem solitário franziu a testa como se estivesse perturbado por alguma coisa.
Seu rosto parecia severo quando ele disse baixinho: “O Jovem Mestre está comendo menos”.
Ele parecia estar em seus quarenta e poucos anos. Seu uniforme de chef não combinava bem com sua aparência dura. Músculos fortes envolviam seus antebraços, descobertos por suas mangas arregaçadas. Ele tinha a aparência de um minerador ou marceneiro em vez de um chef de cozinha.
“Não, não, ele só comeu demais até agora. Então isso é na verdade uma coisa boa, certo?”
O homem mexia inquieto com a faca do chef na mão enquanto andava na frente do forno, sem prestar muita atenção em mais nada.
“Mas me pergunto por que ele decidiu fazer isso tão de repente? Ele passou a odiar tanto assim a minha comida?”
Ele coçou a cabeça ansiosamente. Enquanto ele bagunçava seu cabelo em sua preocupação distraída, a pessoa que olhava não pôde deixar de se encolher ao vê-lo mal perceber como a faca que ele segurava estava balançando perto de seu rosto.
“Não, ela pode ser um pouco salgada, mas isso não a torna ruim, certo?”
Ele murmurou amargamente enquanto balançava a cabeça. Parecia que ele estava tendo uma crise de confiança.
“Mas mesmo que fosse um pouco salgada demais, o Jovem Mestre sempre entendeu a delicadeza de seu sabor. Mas e se ele não quiser mais comer o que eu cozinho…?”
“Ei.”
“Hein?!”
Surpreso com o súbito surgimento daquela voz, o homem gritou. A voz soou como se alguém estivesse bem ao lado dele, como se tivessem dito isso bem em seu ouvido.
Ele levantou a faca em autodefesa reflexivamente, mas depois de ver para quem ele estava apontando, ele a abaixou.
“Você é o chef aqui?”
Antes que ele pudesse questioná-la, a garota fez uma pergunta. Aquela jovem de aparência orgulhosa que era muitos anos mais nova que ele não recuou ao ver a faca, como se ela não estivesse lá.
Ela era mais alta que as outras garotas de sua idade, mas ainda era mais baixa que aquele homem. Ela parecia bastante esbelta em seu vestido simples, mas limpo, com o cabelo preto preso em um rabo de cavalo. Com aquele vestido e atitude altiva, ficou claro que ela era uma espécie de filha de nobre.
“…Ei, você… Você é algum tipo de empregada? Não me surpreenda assim.”
As filhas dos nobres muitas vezes serviam como empregadas domésticas para a família Montchat. Se tivessem apenas parentes distantes ou surgisse algum tipo de circunstância, serviriam como empregadas domésticas de baixo escalão. Simplificando, a família Montchat sempre teve como objetivo manter boas relações com suas casas vassalas. Era costume que quaisquer filhas dessas casas recebessem boas posições na mansão.
Quando o homem a chamou de ‘empregada veterana’, a jovem na frente dela arregalou os olhos, surpresa.
Mas, após um momento de hesitação, ela assentiu.
“Sim, eu sou uma empregada veterana. Tem algumas coisas que eu gostaria de perguntar pra você.”
“Fu fu”, foi o que a mulher, Camilla, disse com um sorriso.
A comida servida na mansão Montchat estava deliciosa.
Desde que se deixe de lado a comida servida a Alois, as refeições pessoais de Camilla eram sempre deliciosas e ela nunca teve nenhuma reclamação.
Portanto ela não parecia ter algum problema com as habilidades do chef.
Nesse caso, por que as refeições de Alois se transformaram naquelas monstruosidades violentas?
Foi Gerda que pareceu exercer grande influência na vida de Alois. Mas, se ela alguma vez pedisse a essa mulher para mudar, ela só seria recebida com frieza. As coisas provavelmente acabariam ainda piores entre ela e os servos da casa como resultado.
Então tudo o que ela podia fazer era ir diretamente ao chef encarregado das refeições. O que exatamente deu errado? Por que só as refeições de Alois eram horríveis? Qual foi a razão por trás disso tudo?
– Vou descobrir, mesmo que eu tenha que ameaçá-lo!
Simplificando, essa era a única maneira.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi