Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 25
A melancolia fria derreteu-se com uma raiva incandescente.
À medida que o dia passava, a única coisa que Camilla podia sentir era a raiva fervente correndo por sua cabeça. Ela não teve tempo para se acalmar, pois quando aquela raiva a consumiu isso findou todas as suas sensações de choque, confusão e desespero.
Obviamente alguém fez isso por maldade.
Foi uma tentativa de ferir Camilla pessoalmente.
Alguém realmente queria humilhá-la. Isso era diferente das fofocas que sempre aconteciam pelas costas dela. Foi algo muito mais astuto e desonesto.
Quem estava acima de Nicole, controlando-a como uma marionete?
– Você realmente acha que eu vou ficar deprimida assim?
Quem fez isso estava obviamente se regozijando com o sofrimento dela. Então, quanto mais ela chafurdasse na miséria, mais diversão alguém teria.
Mas, por causa disso, será que ela realmente pode se dar ao luxo de ficar sentada sentindo pena de si mesma? Camilla ficou de pé, levantando o rosto.
Pode ser que ela acabe fazendo algo impetuoso e passe a ter mais inimizades, mas que assim seja.
– Preciso ouvir o que Nicole tem a dizer.
Quem a colocou nisso? Por que alguém queria abrir suas velhas feridas com tal imitação? Quem era a pessoa que queria humilhá-la dessa forma?
– Eu vou te derrubar.
Alois prometeu a ela que encontraria os culpados, mas Camilla não era o tipo de pessoa que ficaria de braços cruzados, confiando essa busca a outra pessoa.
Ela mesma descobriria quem estava por trás disso.
Enquanto ela mastigava o lábio como se quisesse conter sua raiva, Camilla caminhou pela mansão sozinha.
Seu destino era a área de dormir das empregadas.
Havia um quarto grande no segundo andar com camas e berços alinhados um ao lado do outro, onde o Sol não batia muito.
Esta era a sala onde os servos e empregadas de baixo escalão eram alojados. Quando fossem mais velhos, subiriam na hierarquia e passariam a ter seus próprios quartos.
Ela se mudou para a parte seccionada onde as empregadas dormiam. Ao olhar atrás da cortina divisória que separava os empregados masculinos e femininos, ela não conseguia ver Nicole. Quando Camilla questionou as outras jovens empregadas, elas disseram que algumas das empregadas mais velhas a chamaram.
Sendo assim, ela teve que ir para a sala norte no andar térreo. Era onde as empregadas mais velhas tinham seus quartos.
Esses quartos eram os mais próximos da zona norte de toda a mansão. Quanto às empregadas mais jovens, elas não recebiam quartos individuais, mas, em vez disso, dormiam ao lado de várias colegas. Mesmo assim, elas tinham mais espaço pessoal do que as empregadas domésticas e também recebiam comida e pagamento melhores.
Os três primeiros quartos que ela encontrou eram todos quartos compartilhados por jovens empregadas. Apenas um deles tinha uma porta entreaberta. A luz vazou da porta aberta, enquanto as outras duas portas estavam fechadas.
Ainda era o início da tarde. Embora possa parecer um pouco cedo para acender a luz, esses quartos voltados para o norte também não recebem muita luz solar, então podem escurecer com bastante facilidade.
Tem gente lá dentro.
Ela também não conseguia ver mais ninguém no corredor. Ela deveria se apressar agora ou esperar para ver? Logo após hesitar, Camilla ouviu uma voz.
“Nicole! Você realmente agiu do jeito que te pedimos?!”
Camilla prendeu a respiração por instinto.
Ela realmente se tornou uma excelente bisbilhoteira.
“O Mestre está procurando um culpado agora mesmo! Você não disse nada estúpido, não é? Você disse o que dissemos pra você dizer, certo?
Enquanto a garota falava, o corpo de Nicole ficou rígido. Mesmo que aquela garota não tivesse nenhuma vantagem sobre ela em altura ou peso, ao longo dos anos que a conhecia, ela estava condicionada a sentir temor por ela.
“’Eu fiz tudo sozinha’ – Isso era o que você deveria dizer, certo?! Eu não acho que seja possível, mas você nos delatou? Você sabe o que vai acontecer com você se isso for verdade, não sabe?”
O cabelo encaracolado e macio daquela garota era da mesma cor que o de Nicole. Embora essa garota não tivesse sardas e parecesse se importar um pouco mais com sua aparência do que Nicole, as duas eram muito parecidas.
E isso é natural, considerando que o mesmo sangue corria em suas veias.
“Vamos, diga alguma coisa, sua escória!”
A garota empurrou Nicole com força no ombro. Nicole cambaleou um passo para trás, mas ainda não disse nada. Ela poderia ser repreendida se ficasse em silêncio, mas as coisas só iriam piorar se ela abrisse a boca. Então era melhor não dizer uma palavra sequer.
Enquanto observava Nicole ficar taciturna, a outra garota coçou o cabelo em frustração. De pé ao lado dela, as outras empregadas tentaram acalmá-la com um ‘calma, calma’.
“Acalme-se, Leonora. Não tem como sermos descobertas.”
“Isso mesmo. Só porque ele está procurando por um culpado não significa que ele vai encontrar, afinal ele nem faz ideia de quem foi.”
Aquelas empregadas tentando acalmar a outra garota definitivamente não estavam do lado de Nicole. Na melhor das hipóteses, elas não queriam nada com ela.
“Hmph,” a garota chamada Leonora bufou pelo nariz. É difícil dizer se ela estava convencida disso. Mas, ela parecia ter se acalmado um pouco quando fez uma careta para Nicole.
Seus olhos eram levemente pigmentados, da mesma cor que seu cabelo. Essa cor dos olhos era outra diferença entre ela e Nicole.
“Ahh, se eu também tivesse um poder mágico assim… Eu não teria que ficar chafurdando em um lugar como este. Se eu tivesse herdado o poder mágico no lugar de uma escória que nem você… Eu teria sido a única a ir até a capital e fazer o príncipe se apaixonar por mim à primeira vista… No lugar da Liselotte.
Ela parecia odiar Liselotte de uma maneira completamente diferente de Nicole, a julgar pelo veneno em sua voz enquanto ela falava aquele nome.
“Aquela cadela que estava sempre dizendo ‘Lorde Alois! Lorde Alois!’ nos velhos tempos… Ela com certeza se deu bem! Agora que virou a noiva do príncipe… Ela pode até ser rainha algum dia! Mesmo que sua aparência não tenha nada de especial!”
“Como assim ela pode virar uma rainha se o parceiro dela é só o Segundo Príncipe?”
Com as palavras da empregada, as outras garotas riram e riram. Leonora zombou também.
“Ela não ficaria satisfeita com alguém em posição menor.”
Enquanto cuspia essas palavras, ela se virou novamente para encarar Nicole.
“Eu não posso ficar satisfeita com isso também. Ser empregada em um lugar como este? Não posso acabar assim. Você me entende, Nicole?”
Os ombros de Nicole caíram enquanto ela ficava quieta. A garota não se importou enquanto continuava falando.
“Tudo o que aconteceu, você decidiu fazer por conta própria. Em uma tentativa impensada de confortar a lamentável mulher má que foi jogada fora pelo príncipe, você agiu sozinha. Como sempre… Ei, o que você acha?”
“…………………Sim.”
Como sempre. Foi assim que Nicole respondeu. Sua voz parecia mais um sussurro. Suas mãos estavam pálidas como um lençol enquanto tremiam. Seus sentidos estavam desaparecendo e ela não conseguia segurar seu fluxo de poder mágico. Ela estava tão apavorada que poderia correr dali a qualquer momento.
“É possível que nem o Mestre nem aquela vilã realmente tenham ouvido o que você tinha a dizer. Então, por favor, você precisa ser clara ao falar pra eles. Curve-se na frente do Mestre e conte a ele sobre seu crime. Diga a ele que já que você é a culpada, ele não deveria estar procurando por mais ninguém e deveria simplesmente te punir sozinha. Ouviu?”
“…Sim.”
“Se não fosse pelo seu poder mágico, a família Ende não gostaria de ter nenhuma relação com você. Lembre-se, essa é a única razão pela qual uma filha bastarda de uma amante é mantido por perto. Seus irmãos e o resto da família… Você se lembra de quem está alimentando eles, não lembra?”
“Sim.”
“Então, repita isso para mim. Você fez tudo sozinha. Vamos, me diga.”
Nicole apertou as palmas das mãos. Estava à beira de transbordar. Ela não podia mais sentir o toque de sua energia mágica.
“…Sim! Fiz tudo sozinha porque quis! Tudo, tudo!”
As pontas de seus dedos estavam dormentes como se ela tivesse recebido um choque estático.
Foi aí que alguém agarrou sua mão com firmeza.
Nicole não percebeu que alguém tinha aberto a porta.
Ela não percebeu que alguém entrou na sala e agarrou sua mão.
Enquanto as empregadas na sala arregalaram os olhos em choque, Nicole olhou para a pessoa que agora segurava sua mão também.
“Venha comigo.”
Sua voz soava calma e comedida, mas havia uma onda de raiva muito óbvia fervendo sob suas palavras. Ela puxou o braço com força ao dizer isso e Nicole não teve força nem coragem para resistir.
“…Amante.”
A pessoa que Nicole machucou profundamente com sua magia. A pessoa que havia sido banida da capital para este lugar remoto. A pessoa que um dia se tornaria a dona desta mansão… Camilla.
Nicole levantou a cabeça para olhar para Camilla, que era muito mais alta que ela. Enquanto ela se impunha sobre a jovem empregada, a imagem dura que ela cortou era um borrão de emoção mal contida.
– Ela ouviu?
Bem provável. Ela deve ter ouvido o que Nicole disse.
“Eu… estou furioso.”
Camilla olhou para Nicole enquanto dizia isso.
Atrás dela, as meninas deram um suspiro de alívio. Elas ficaram aliviadas porque o golpe do martelo da fúria aparentemente não ia cair sobre elas.
Camilla levou Nicole com ela ao sair da sala.
No entanto, embora Nicole não tenha notado, pois temia o que estava por vir, as empregadas na sala tiveram suas palavras de alívio entupidas em suas gargantas quando Camilla, emotiva como sempre, lançou sobre elas um olhar sombrio, arrepiante, mais frio que gelo.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi