Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 23
No fim das contas, Alois praticamente não repreendeu Nicole, muito menos perguntou por que ela estava naquela sala. Eventualmente ele acabou fazendo Nicole sair da sala com Camilla.
Enquanto elas estavam do lado de fora, Camilla disse a Nicole, cujo rosto estava pálido como um fantasma, para ir descansar um pouco. Ela esperou na frente daquela sala por um longo tempo, mas Alois não apareceu.
A partir do dia seguinte, a velha dieta de Alois voltou.
Aliás, a dieta ficou pior do que era antes.
Ele havia se perdido completamente no conforto de comer.
“Senhor Alois! Como você pode estar comendo tanto de novo?!”
Essa conversa ocorreu alguns dias depois, durante o chá da manhã. Camilla não sabe quantas vezes ela disse isso naquele momento.
“Você já desistiu de perder peso?! Mas afinal, o quanto você planeja comer?!”
Após Camilla ter gritado, as mãos de Alois pararam de empurrar a comida em direção ao seu rosto. Era como se ele estivesse assustado. Então, em vez disso, ele pegou os lanches menores.
Era uma cesta cheia de alimentos assados, como pequenos cupcakes e rosquinhas em miniatura polvilhadas com açúcar. Havia também cortes arredondados de bolo de manteiga cobertos com amêndoas, além de biscoitos coloridos com mais açúcar por cima.
O glacê em cima daqueles biscoitos foi uma jogada maliciosa do cozinheiro? A própria Camilla não resistiu àqueles biscoitos com lindas flores vermelhas e azuis geladas na parte de cima.
Mas ela se arrependeu de pegar um para comer assim que deu uma mordida. Em vez de ser simplesmente doce, seria mais correto dizer que era como roer açúcar puro? Ela ficou ainda mais preocupada com a saúde de Alois quando ela pensou no fato dele estar comendo isso.
Enquanto ela pensava nisso, Alois começou a comer ainda mais. Havia uma estranha disparidade quando ela se sentou em frente a ele, sem comer nada.
Isso também não tinha começado hoje. Desde que Nicole quebrou aquele prato, Alois tem agido assim.
Não sendo capaz de suportar assistir, Camilla tentou fazê-lo parar muitas vezes, mas suas palavras caíram em ouvidos surdos, quase como quando ela chegou à mansão. Embora às vezes ele pudesse mostrar sinais de que poderia voltar ao normal, logo ele se perdia em pensamentos novamente e depois voltava a comer ainda mais do que antes.
“Sinto muito, Camilla. É que ultimamente, eu…”
Alois largou o biscoito que estava em sua mão e recostou-se, abatido. Era quase como se você pudesse ouvir o ar esvaziar de seu corpo enquanto ele se curvava.
“Eu estava tentando ser cuidadoso…”
“Você disse a mesma coisa ontem.”
Enquanto ela olhava para Alois, os ombros dele caíram ainda mais. Depois disso, ele inconscientemente começou a estender sua mão em direção ao biscoito que havia colocado de volta na cesta.
“Senhor Alois!”
“Sim?!”
Após ouvir o grito de Camilla, a mão de Alois parou. Era como se ela estivesse tentando manter uma criança sob controle.
“Qual é o seu problema? Aquele prato era realmente tão importante?”
Depois que o prato quebrou, Alois disse algo sobrea aquele ser o “prato do papai” enquanto segurava alguns dos fragmentos espalhados. O pai de Alois já havia falecido. Então fazia sentido que o prato fosse provavelmente algum tipo de lembrança.
– Prato. Um prato, hum?
Colecionar pratos e cerâmica era um hobby comum. Será que o pai de Alois deu a ele de presente uma peça de alta qualidade de sua coleção? Ou era algum tipo de herança? Se não fosse importante, estaria na cozinha com o resto dos utensílios de cozinha. Não algo que ele seguraria com tanto carinho.
“Não…”
Ao dizer isso, Alois pegou o biscoito e comeu.
“Eu particularmente não me importei com isso.”
Os olhos de Alois pareciam doloridos quando ele desviou o olhar. Como ele pode dizer que não era algo importante para ele se ele está obviamente tão dividido por causa disso?
“Já se passaram quase dez anos desde que meu pai faleceu. Fiquei um pouco chocado, só isso…”
Dizendo isso, ele pegou mais um biscoito. Enquanto mordiscava aquele pequeno biscoito que segurava em ambas as mãos, ele parecia lamentável, como se fosse uma pequena criatura que tivesse sido ingurgitada a um tamanho tremendo.
“Lorde Alois, por favor, recomponha-se. Agora me mostre que tem um coração forte!”
“Sim. Eu vou ficar bem, não se preocupe.”
“Tome cuidado! Não seria bom para ninguém ver o Duque assim!”
“Sim. Eu vou ficar bem, não se preocupe.”
Era como se ela estivesse falando com uma parede de tijolos.
Após ambos voltarem do chá juntos, Camilla estava preocupada enquanto caminhava pelo pátio.
Alois ainda estava sentado à mesa ali atrás. Pela forma como ele estava se sentindo ultimamente, parecia que ele estava um pouco atrasado nos últimos dias. Mesmo assim, aparentemente ele conseguiu separar seus assuntos privados de suas obrigações públicas, de modo que seu trabalho não foi afetado. Talvez isso tenha ocorrido porque Alois aprendeu a confiar um pouco em Camilla. Ele já não sente a necessidade de fingir nada quando toma chá com ela.
– E então, será que seria melhor se ele se concentrasse apenas no trabalho pelo resto da vida?
Mas desse jeito seu coração provavelmente iria quebrar ainda mais se ele tivesse que fazer isso. Camilla suspirou, descartando a sugestão que havia passado por sua mente.
Sinceramente, até agora as coisas realmente estavam indo muito bem.
Ela tinha a sensação de que algo iria acontecer. Em seus dezoito anos de vida, sempre que as coisas pareciam estar indo bem, sempre havia algum tipo de armadilha esperando por ela. Camilla, que tinha sido exilada para aquele lugar estranho depois de ter seu noivado com o príncipe cancelado, sabia disso muito bem.
– Eu estava muito fraca.
Sua paixão não tinha sido forte o suficiente e ela foi derrubada.
Alois, apesar de ter perdido os pais aos quinze anos, herdara o título de Duque e se saira muito bem em sua posição. Alois costumava ser calmo e escondia bem suas emoções. Em vez de simplesmente ser tolerante, ele conseguiu manter certas coisas à distância, de modo que raramente ficava com raiva. Era raro ele ter que repreender um servo, mas mesmo quando o fazia, ele nunca levantava a voz.
Mas quando Camilla fugiu da mansão em Grenze, foi a única vez que ela ouviu Alois gritar. Era raro alguém ficar tão calmo perto de Camilla, que por sua vez era uma pessoa que nunca hesitava em discutir com alguém.
Ele era diligente e dedicado ao seu trabalho, sem falar que sempre mantinha aquela atitude calma dele. Era uma disposição que o tornaria amável com os outros e também o impediria de cair em erros. Além de sua aparência, Alois era o arquétipo do ‘bom menino’.
Então, por mais que aquele prato fosse uma lembrança importante de seu pai, ainda era estranho ver Alois cair em tamanha depressão por esse motivo.
– Aquilo era mesmo tão importante assim?
Mesmo que fosse o caso, a única pessoa para quem ela poderia perguntar sobre isso não estava mais neste mundo. Ela hesitou em perguntar a Alois, considerando seu atual estado de espírito também. Era irritante ficar no escuro e ela estava preocupada em ver as coisas piorarem.
Era como se estivesse passando uma névoa em seus pensamentos. Por mais que ela tentasse, Camilla não conseguia pensar em algo que pudesse fazer sozinha. Com um suspiro resignado, Camilla balançou a cabeça.
– Tudo bem então. Deixando o passado de lado, terei que fazer algo por Alois, considerando a situação dele agora.
O passado de Alois. Por enquanto, ela tinha que empurrar as apreensões que ela tinha sobre isso para o futuro.
O futuro, implicando no casamento. Ainda era muito cedo para se sentir tão desconfortável por isso. Ela tinha que se preocupar com o peso dele primeiro, para não mencionar sua pele. A primeira coisa que ela tinha em sua mente era tornar Alois magro.
– Concentre-se em uma coisa de cada vez! Por enquanto, preciso recuperar a motivação de Alois!
Mas como ela faria isso?
Enquanto Camilla estava imersa em pensamentos, algo surgiu na frente de sua visão. Ela tinha acabado de sair do pátio e entrou pelas portas da mansão. Ao ver duas garotas rindo e rindo enquanto passavam, Camilla lembrou.
– Essas empregadas estão sempre espalhando fofocas.
Aquelas jovens e rudes criadas… Uma delas tinha cabelo loiro encaracolado e parecia um pouco com Liselotte. Por causa disso, Camilla havia se lembrado de seu rosto.
As meninas passaram diretamente por ela, indo em direção à parte interna da mansão. Ela estava um pouco irritada por não ter recebido uma única palavra de saudação.
“Amante.”
Foi aí que ela ouviu uma voz familiar.
Embora geralmente fosse berrado de seu estômago como o grito de guerra de um soldado, hoje era apenas um sussurro.
Quando ela se virou para procurar a fonte da voz, a garota parou ao lado dela.
Com a boca bem fechada como se estivesse mordendo o lábio e os punhos cerrados, lá estava a empregada que veio da família Ende. A garota cujos poderes mágicos estavam desenfreados, a empregada problemática chamada Nicole.
“Não me chame de Senhora.”
Enquanto Camilla a repreendia, Nicole não respondeu. Em vez disso, ela apenas olhou para Camilla com seus olhos vermelhos, tremendo um pouco no local.
Mas, isso durou apenas um momento. Logo depois, ela dobrou a cintura e curvou-se profundamente.
“Eu… Eu resolvi fazer isso sozinha! Eu gostaria de trazer algum conforto para a Senhora, que veio para um lugar tão estranho!”
“Hã? O quê?”
Tudo o que Camilla conseguia ver em Nicole era a parte de trás de sua cabeça.
Enquanto Camilla pensava em suas palavras que não conseguia entender, Nicole levantou um dedo para o céu. Enquanto seu dedo se movia no ar como se fosse soletrar palavras, o de Nicole começou a ficar erguido para cima. E, por apenas um instante, houve um vórtice de vento ao redor dela.
– Magia…?
As bochechas de Camilla ficaram dormentes quando a forte energia mágica foi liberada. Mas isso também desapareceu em um piscar de olhos. O vento, o poder mágico… E até Nicole.
“Sinto muito.”
Uma voz fraca vazou da boca da pessoa que estava na frente dela.
Os olhos de Camilla brilharam. Ela piscou duas vezes, não sendo capaz de compreender o que estava à sua frente. Ela abriu a boca… Mas nenhuma palavra saiu, apenas um suspiro.
Nicole tinha desaparecido. Isso aconteceu em um instante.
Em vez disso, um jovem de aparência gentil com mechas de cabelo prateado caindo sobre os ombros estava na frente dela. Uma pessoa cuja elegância e beleza sempre chamaram a atenção de Camilla, embora outros reclamassem de sua falta de masculinidade.
Ele sorriu gentilmente enquanto olhava para ela suavemente com aqueles olhos cheios de poder mágico.
“Príncipe Julian…”
Camilla mal conseguia pronunciar as palavras.
Créditos:
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi