Akuyaku Reijou wa Danna-sama wo Yasesasetai - Capítulo 09
Quando ela irrompeu pela porta, aquelas três empregadas domésticas que estavam conversando alegremente se viraram assustadas e com seus olhos arregalados para encarar Camilla. Era como se a conversa delas até aquele momento não tivesse acontecido de tão quieta que a sala ficou. Mal dava para ouvi-las respirar.
“Preparem as minhas roupas para sair e para agirem como as minhas guias. Vocês sabem a que horas Lorde Alois está voltando? Temos que voltar antes dele.”
As três empregadas se entreolharam. Camilla sentiu-se cada vez mais irritada com o quão assustadas elas estavam. Elas não tiveram nenhum problema em dizer o que bem entendiam há pouco tempo, então por que de repente estão tão mudas na frente da pessoa em questão?
“H-Hum… Você quer dizer nós três?”
Depois de um silêncio, uma das empregadas perguntou com a voz trêmula. Ela não olhou para Camilla, apenas para as outras empregadas. Ela estava piscando constantemente e se movendo no local.
“Algum problema?”
Sempre que Camilla dizia alguma coisa, o silêncio sufocava a sala. As três empregadas ficaram se olhando com um silêncio intimidado, então a mesma empregada que falou antes abriu a boca primeiro. Não era a pequena empregada que Camilla havia chamado antes. Era a empregada esbelta e ligeiramente alta, que parecia ser a mais velha do grupo.
“Hum, bem, estamos fazendo outro trabalho agora…”
“Não é mesmo?” – Ela cutucou o ombro da empregada ao lado dela, que apressadamente concordou.
“I-Isso mesmo, temos muitas tarefas a cumprir antes que o Mestre volte.”
“S-Sinto muito, m-mas você terá que encontrar outra pessoa…”
“Você está trabalhando agora?”
Camilla suspirou, exasperada. Eram mentiras descaradas. Será que elas ainda se lembravam do que estavam dizendo até ela entrar?
“Me pergunto por que você viria para a sala de descanso para trabalhar. É o que eu gostaria de te perguntar antes de mais nada!”
Camilla desviou o olhar para a pequena empregada, que tentava se esconder atrás de sua amiga mais velha. Uma garota baixinha, com cabelos castanhos como uma baía. Assim que Camilla encontrou seus olhos, ela começou a tremer.
“…E-Está falando de mim?”
Ela tremeu terrivelmente ao perguntar isso como se ela fosse um pequeno animal. Além do mais, sua baixa estatura, traços infantis e olhos negros apenas realçavam essa imagem.
“Depois de se recusar a me ajudar, me deparo com você em um lugar como esse. Você odeia tanto assim a ideia de andar comigo?”
“N-Não… Hum…”
“Ela só estava fazendo uma pequena pausa antes de ir para o próximo trabalho. Não é mesmo?”
Uma das outras empregadas interveio para protegê-la quando ela começou a hesitar. Também não era a empregada mais velha. Ela era um pouco gordinha, mas tinha um rosto encantador.
“Então, já é hora de ir para o nosso próximo trabalho, certo? Então, sentimos muito, senhorita Camilla, mas temos que ir. Como estamos muito ocupadas, vamos nos desculpar agora.”
Quando a empregada gordinha disse isso, ela piscou para as outras duas. “Por favor, nos desculpe”, disseram as outras duas, curvando-se quando entenderam a dica de sua amiga e partiram em direção à porta.
“Parem aí mesmo.”
As três não ouviram a ordem de Camilla, saindo da sala o mais rápido que puderam. Elas pretendiam simplesmente fugir dali.
Mas não perceberam que Camilla continuou andando atrás delas.
Enquanto continuavam andando, inconscientes, as duas empregadas mais velhas tentavam animar a mais nova do trio.
– Ei, você está bem?
“Ela é simplesmente horrível, nos espionando assim. Que desprezível…”
“Ela é realmente uma mulher horrível, assim como os rumores diziam. Não se preocupe, você não fez nada de errado.”
“Sinceramente, você provavelmente teria passado por maus bocados se não a tivesse recusado.”
Caminhando entre as duas outras empregadas que a consolavam, a garota mais baixa não disse nada.
-Eu ainda posso ouvir tudo o que vocês estão dizendo!
“Elas acham que vão escapar assim?” – Camilla pensou isso consigo mesma.
As empregadas estavam prestes a virar a esquina. Pouco antes de desaparecerem de sua vista, Camilla levantou a voz.
“Parem aí mesmo!”
Elas estavam no meio da propriedade, totalmente agitadas. A cena repentina envolvendo as três empregadas chamou a atenção de muitos servos que passavam por ali. Enquanto as pessoas se reuniam ao redor, a voz de Camilla cortou o ar como uma faca.
“Eu não dei a vocês minha permissão para sair! Parem de uma vez por todas!”
As três empregadas pararam em seu caminho, virando-se para olhar Camilla. Aproximando-se, as três trocaram olhares assustados.
Enquanto elas se amontoavam, Camilla se aproximou delas em um passo raivoso. Camilla não era uma garota alta especialmente falando, mas quando ela estava em contraste com aquelas empregadas trêmulas, aquela atmosfera intimidadora a fazia parecer a maior pessoa da sala.
“Quem vocês estão chamando de desprezível?! Não são vocês que estão falando mal de mim pelas minhas costas, como se eu não pudesse ouvi-las?!”
“N-Não, nós não quisemos dizer isso…”
A empregada mais velha falou primeiro. A empregada gordinha não conseguia falar porque a situação era repentina demais, enquanto a menor delas simplesmente olhava para seus pés, seus ombros tremendo.
“Então, o que exatamente vocês quiseram dizer? E vocês não ouviram o que eu estava dizendo antes? Vocês têm algum tipo de desculpa para faltar ao trabalho?”
“Isso é…”
“Você tem algo a dizer por si mesmas? Se sim, digam de uma vez.”
Enquanto Camilla olhava furiosamente para elas, as empregadas ficaram em silêncio. A empregada mais velha olhou para o crescente grupo de pessoas observando, enquanto a empregada gordinha fazia o possível para não encontrar o olhar de Camilla. Essa atitude, como se estivessem apenas esperando a tempestade passar, só deixou Camilla mais irritada.
“Por que de repente estão tão caladas?! Vocês não têm nada a dizer?! Vocês três de repente esqueceram como falar?!”
Ela está furiosa. Totalmente enfurecida com essas três mulheres que de repente estão tão quiet as. Tudo o que elas precisavam fazer era dizer alguma coisa e isso poderia ter bastado para Camilla se acalmar.
“Digam algo! Se não, eu não hesitarei em contar tudo a Lorde Alois! Vocês vão ser demitidas!!”
“…Não.”
Um pequeno sussurro quase foi abafado pelos berros de Camilla.
Foi a pequena empregada que falou com uma voz tão calma. Onde estavam as duas empregadas que deveriam apoiá-la? Ela olhou ao redor ansiosamente, abraçando os ombros com as mãos.
“Não…”
Sua pequena voz tremeu.
“Se tudo o que você tem a dizer é ‘não’, eu não consigo te entender. Se você tem algo a dizer, por que não diz?”
Enquanto Camilla falava rispidamente, a empregada ergueu o rosto apavorado. Aquele rosto, como o de um pequeno animal parecia aterrorizado e seus olhos estavam encharcados de lágrimas.
Ela abriu a boca para dizer algo, mas as palavras ficaram presas como um nó na garganta. Ela respirou duas ou três vezes enquanto tentava falar, mas nenhuma palavra saiu, enquanto as lágrimas brotavam cada vez mais em seus olhos.
Eles começaram a abaixar seu rosto. Ela virou o rosto para o chão, tentando esconder as lágrimas.
“Você está bem?”
“Está tudo bem?”
As duas empregadas tentaram consolá-la. Eles falaram palavras suaves e acalmaram a garotinha que soluçava. Então, os sussurros começaram a se mexer ao redor deles.
E pensar que ela escutaria gritos assim. Ela foi longe demais. Aquela pobre coisa —
– Liselotte!
Seu sangue ferveu quando ela viu a cor vermelha. Era o dia do baile. Camilla levou Liselotte às lágrimas. Seu lindo cabelo castanho amarrado em uma trança, no momento em que a garota caiu no chão, chorando enquanto olhava para o chão. Como inúmeros olhos naquele salão de baile observaram a cena, foi apenas Camilla que percebeu…
De uma forma que só Camilla podia ver, Liselotte havia torcido a boca em um sorriso.
“- – Não pense que você pode comprar minha simpatia com essa encenação. As lágrimas são uma artimanha barata.”
Não é Liselotte que está na frente dela agora.
Ao contrário dela, esta não é uma oponente que pode enfrentar o poder da fúria de Camilla. Ela não era aquela garota tão determinada, flexível e intransigente em seus objetivos.
Desta vez, ela só está contra uma empregada. Não importa o quão pequena e astuta ela possa ser, uma garota com uma mente fraca como essa não pode dizer nada quando confrontada com uma pessoa como ela. Não havia segundas intenções em suas lágrimas, ela estava simplesmente soluçando por realmente estar com medo de Camilla.
Mesmo que Camilla soubesse disso, ela não acalmou os sentimentos que ferviam em seu coração.
“Se você quer chorar, então chore. Mas não espere que eu simplesmente dê meia-volta e perdoe você com apenas isso!”
A multidão olhou para Camilla. Então, ela começou a ouvir uma voz perto da parte de trás. Era um dos servos mais antigos, atraído por toda a comoção. Mas ainda assim, Camilla não se conteve, dando mais um passo em direção à empregada.
As empregadas queriam recuar, mas estavam congeladas no local. Camilla continuou avançando sem se importar com isso, mesmo quando o servo mais velho tentou ficar entre elas.
“Você…”
“Por favor, acalme-se!” – Alguém disse, enquanto pegavam o braço de Camilla. Aquele servo se interpôs entre ela e as criadas para protegê-las.
“Vocês três, não podem me dizer nem uma única palavra de desculpas?!”
“Por favor, acalme-se, Lady Camilla!”
As palavras de Camilla, gritadas de forma passional, foram, por sua vez, abafadas pelo grito do criado. “Por favor, acalme-se!”, o servo disse novamente enquanto puxavam Camilla para longe das empregadas que ela parecia ameaçar agarrar a qualquer momento como se essas fossem as únicas palavras que ele conhecesse.
Como Camilla foi contida por aquele servo, as três empregadas rapidamente desapareceram na multidão.
A raiva de Camilla ainda não havia se dissipado e ela observava as empregadas desaparecerem, enquanto todos os servos ao seu redor a encaravam com olhares desconfiados.
Tradução: Sakata
Revisão: Momoi